O PSDB dará início amanhã ao projeto de volta ao Palácio do Planalto, quase oito anos depois do fim do governo de Fernando Henrique Cardoso. O lançamento da candidatura de José Serra à Presidência da República, no Centro de Convenções Brasil 21, terá o intuito de rejuvenescer o discurso e a imagem de uma legenda que ainda carrega boa parte das bandeiras apresentadas em eleições presidenciais anteriores. Debruçado sobre a tarefa de renovação, o marketing tucano preparou um evento focado em tecnologia de ponta, com transmissão ao vivo pela internet e via Twitter. Sem esquecer temas recorrentes, como austeridade fiscal e desenvolvimento econômico, os discursos do dia apontarão um conjunto de projetos para o futuro do país, sem críticas agressivas ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Orçado em R$ 500 mil, o lançamento da candidatura de José Serra ambiciona atrair pouco mais de 2 mil pessoas, entre parlamentares, políticos sem mandato, prefeitos e governadores. A montagem do palco começa hoje, a partir das 7h. Logo na entrada, uma televisão de LCD exibirá o Twitter de Serra, que hoje conta com 189.564 seguidores. O candidato deve aproveitar para enviar mensagens antes e durante o evento. O palco terá quatro telões, que transmitirão depoimentos de militantes tucanos, e um banner com as cores do partido. Vinte computadores estarão disponíveis para apresentarem as mídias sociais da legenda, como YouTube, Twitter e Facebook.(1)
Os discursos serão feitos em um púlpito. Estão escalados, em ordem, os presidentes do PPS, Roberto Freire; do DEM, Rodrigo Maia; e do PSDB, Sérgio Guerra. São os partidos que compõem a aliança nacional de Serra à Presidência. Depois, falará ao público o ex-governador mineiro Aécio Neves, expoente do tucanato. O ex-presidente Fernando Henrique não estava incluído entre os oradores, mas vai discursar. A intenção é fugir dos ataques do PT, que acusa a legenda de negar a herança deixada por FHC. Cada fala terá cerca de 10 minutos. A mestra de cerimônias será a modelo e apresentadora Ana Hickman. A expectativa é de que José Serra comece a falar próximo do meio-dia e demore pouco mais de uma hora. O discurso deve adotar um tom menos agressivo do que o utilizado por Dilma Rousseff (PT) e evitar críticas duras à política atual do governo federal. Serra deve enumerar problemas econômicos, de infraestrutura e sociais. Venderá a imagem de que é a melhor opção para conduzir o país a ;muito mais;. E baterá na tecla do combate à corrupção, calo da campanha petista.
Estratégia
Até o lançamento da candidatura, a campanha de Serra já terá o roteiro pré-definido. O marketing está nas mãos de Luiz González, antigo colaborador do candidato em eleições e consultor do discurso principal que será lido amanhã. A coordenação ficará com o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Quatro deputados federais vão atuar como interlocutores do candidato: José Carlos Aleluia (DEM-BA); Paulo Bornhausen (DEM-SC); Fernando Coruja (PPS-SC); João Almeida (PSDB-BA). Outro político do PSDB deve completar o grupo, provavelmente Nárcio Rodrigues (MG). Parlamentar historicamente ligado a Serra, Jutahy Magalhães (PSDB-BA) servirá como articulador do candidato no Congresso.
A missão do ;grupo dos cinco; será o de assumir a função de para-choques da campanha de Serra. Eles ficarão com a responsabilidade de defender o candidato de possíveis críticas e fazer a articulação com a imprensa. O comando tucano deve centrar fogo em Minas Gerais, para capitalizar os índices de aprovação de Aécio Neves. O estado também é cortejado pelo PT, conforme demonstrou visita recente de Dilma Rousseff ao túmulo do ex-presidente Tancredo Neves, em São João Del Rey. A coordenação mineira da campanha ficará a cargo dos deputados federais tucanos Rodrigo de Castro e Nárcio Rodrigues, do deputado estadual Marcos Pestana (PSDB), e do secretário de Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro.
A tarefa do grupo mineiro será a de atrair o PMDB estadual para a campanha de Serra, de olho no azedamento das relações da legenda com o PT. No início da semana, a candidata petista Dilma Rousseff chegou a sugerir um voto ;Dilmasia;, na tentativa de atrair o eleitorado do governador Antônio Anastasia (PSDB), que disputará a reeleição. A fala gerou desconforto no PMDB, que lançará o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa para o posto. Para atiçar a campanha no segundo maior colégio eleitoral do país, o programa de governo do candidato tucano ao Planalto trará diversas intervenções no estado, como obras no metrô e reforma do Anel Viário de Belo Horizonte.
Colaborou Tiago Pariz
1 - Redes sociais
O Twitter permite aos usuários que enviem e recebam atualizações pessoais de outros contatos (em textos de até 140 caracteres, conhecidos como ;tweets;). O YouTube é um site que permite que seus usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital. Já o Facebook é uma rede de relacionamentos, tipo Orkut, onde os usuários podem se juntar, como um colégio, um local de trabalho ou uma região geográfica.