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Inaugurações são os últimos atos de Serra antes de correr atrás dos votos

São Paulo ; Pré-candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB) passou o dia limpando as gavetas do seu gabinete no Palácio dos Bandeirantes. Desde a 0h de hoje, o tucano não responde mais pelo governo do maior estado do país. Seus últimos atos como chefe do Executivo paulista foram duas entregas de obras: o trecho sul do complexo viário Rodoanel e o Ambulatório Médico de Especialidades (Ame) de Heliópolis, na Zona Sul. Na unidade de saúde, Serra conversou com médicos e enfermeiras.

O Diário Oficial de São Paulo de quinta-feira já traz a carta de despedida de Serra, que comunicou oficialmente a saída em cerimônia cheia de pompa na quarta-feira. ;Tenho a honra de comunicar a minha decisão de candidatar-me a cargo eletivo, no próximo pleito de 3 de outubro deste ano. Por esse motivo, solicito que seja dado conhecimento à Assembleia Legislativa de que me afasto definitivamente do cargo de governador do estado no dia 2 de abril de 2010;, diz a carta.

Com a publicação da carta-renúncia, o vice-governador Alberto Goldman assume como governador em exercício. Na próxima terça-feira, ele será empossado definitivamente em cerimônia na Assembleia Legislativa e em ato no Palácio dos Bandeirantes. No dia 10, Serra será lançado pré-candidato pelo PSDB em cerimônia a ser realizada em Brasília.

Ressonância
Na visita feita ao Ame, Serra disse que a unidade de Heliópolis é a maior de São Paulo e o primeiro centro ambulatorial do Brasil a contar com serviço de ressonância magnética. O espaço tem capacidade para atender a uma população de 2 milhões de habitantes da região sudeste da capital paulista. Na verdade, Serra inaugurou na quinta a ampliação do ambulatório, já que a unidade foi apresentada por ele pela primeira vez em dezembro de 2009. O investimento foi de R$ 20,4 milhões. ;Eu inaugurei este Ame há alguns meses. Foi construído naquela que era talvez a maior favela de São Paulo, Heliópolis. Eu digo era porque ela está mudando. Está virando bairro;, ressaltou Serra em discurso.

Não foi apenas Serra quem se despediu do cargo em São Paulo para tentar a sorte nas eleições. Pelo menos sete secretários estaduais pretendem deixar o governo nos próximos dias, conforte determina a legislação eleitoral. O ex-governador Geraldo Alckmin, provável candidato ao governo de São Paulo, já avisou que vai deixar a Secretaria de Desenvolvimento, cargo que ocupa desde o fim de janeiro de 2009. No lugar dele, assumirá o secretário adjunto Luciano de Almeida. O atual secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, deixará o cargo para, possivelmente, tentar uma vaga no Senado. Até agora, ninguém sabe informar quem será o seu substituto. O atual secretário de Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, pré-candidato ao Senado pelo DEM, vai deixar o cargo no começo da semana.

Dívidas ampliadas
No apagar das luzes, Serra anunciou R$ 8,3 bilhões em obras de infraestrutura para São Paulo. A verba está concentrada principalmente no trecho norte do Rodoanel (R$ 5 bilhões) e na Linha 17 do Metrô, chamada de monotrilho (R$ 3,14 bilhões). Do investimento, R$ 2 bilhões vieram de financiamento com agentes financeiros internacionais para o Rodoanel e R$ 1,3 bilhão da Caixa Econômica Federal e do BNDES. Para a obtenção do recurso, foi assinado um contrato de ampliação da capacidade de endividamento de São Paulo no valor de R$ 3,3 bilhões.