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Maioria de ministros enfrentará dificuldade nas eleições

Dos 11 titulares que deixarão os cargos nesta semana para se dedicar à eleição de outubro, apenas quatro terão cenário bastante confortável, segundo análise de especialistas

O Diário Oficial desta semana deve registrar a maior diáspora da Esplanada dos Ministérios durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os titulares de pelo menos 11 pastas devem bater em retirada para concorrer nas eleições de outubro, mas apenas quatro estão em situação mais confortável que os outros colegas. O restante terá pela frente caminho árduo até a vitória, incluindo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, (1) pré-candidata à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A debandada teve início com saída de Tarso Genro da Justiça, substituído em fevereiro pelo então secretário-executivo da pasta, Luiz Paulo Barreto. A opção pelo segundo homem na hierarquia do ministério será padrão. A recomendação é de que as trocas não causem solavancos na orientação.

A análise feita por cientistas políticos aponta que Carlos Minc (Meio Ambiente), Edson Santos (Igualdade Racial) e Reinhold Stephanes (Agricultura) tem a eleição quase certa. A vantagem deve-se ao interesse por cargos proporcionais. Deputados federais, Santos (PT-RJ) e Stephanes (PMDB-PR) tentarão permanecer na Câmara. Minc disputa a Assembleia

Legislativa do Rio de Janeiro. ;Os ministros vão muito bem e quem parte para uma eleição proporcional está praticamente garantido;, aposta o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Queiroz. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), tem situação confortável nas pesquisas de intenção de voto e espera que a visibilidade do cargo o ajude na campanha.

O ministro da Previdência Social, José Pimentel (PT-CE), e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB-GO), são os únicos demissionários com situação indefinida. Pimentel pretende disputar o Senado e encontra adversários fortes nas urnas, incluindo uma articulação do PMDB para retirá-lo do páreo. O deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) quer ter uma eleição tranquila e sem adversários, por isso quer que o PT abandone a disputa. Meirelles flerta com a indicação à vice na chapa de Dilma, mas deixa aberta a porta para buscar uma cadeira de senador.

Caminho difícil

Os maiores problemas para os ministros se concentram nas eleições para os governos estaduais. A lista dos candidatos inclui os titulares de Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA); de Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG); de Transportes, Alfredo Nascimento (PR); e Tarso Genro, que saiu do ministério em fevereiro, com os planos de disputar a vaga no Rio Grande do Sul.

Tarso terá pela frente um forte candidato, o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB). A situação de Nascimento e Costa depende ainda de nós partidários que podem ser desatados com o apoio do presidente Lula. No Amazonas, o ministro dos Transportes disputará contra o vice-governador Omar Aziz (PMN), numa campanha que terá a base governista rachada. Em Minas Gerais, Hélio Costa trabalha para ter o apoio do PT, mas o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro de Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, não desistiram da empreitada (leia na pág. 3). ;Hélio Costa tem boas chances, mas o favoritismo é do atual vice-governador Antônio Anastasia (PSDB), até pelos altos índices de popularidade do governador Aécio Neves;, analisa o diretor do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcus Figueiredo.

Geddel larga em desvantagem na Bahia. Ele terá o governador, Jaques Wagner (PT), e o ex-governador Paulo Souto (DEM) como adversários. ;O Geddel canalizou muitos esforços, mas tem uma eleição difícil;, aposta Antônio Queiroz. A lista de demissionários na Esplanada ainda pode ser encorpada por Pedro Brito (Portos), que estuda a candidatura a deputado federal.

1 - Pesquisa
A campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), recebeu um baque no fim de semana com a pesquisa Datafolha. Os petistas apostavam que a pré-candidata encostaria ainda mais no governador de São Paulo e presidenciável tucano, José Serra. Mas o levantamento mostrou que a distância entre os dois chegou a nove pontos percentuais, o que mostra que o PSDB larga em vantagem na corrida pelo Palácio do Planalto neste período pré-eleitoral.