Belo Horizonte ; O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou apoio ao ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), pré-candidato ao governo de Minas Gerais. Pelo menos isso é o que diz o presidente do PMDB em Minas, o deputado federal Antônio Andrade. Segundo o parlamentar, Lula confirmou, em conversa com Costa, na semana passada, que o ministro é o nome da base aliada para o Palácio da Liberdade. A declaração gerou reação imediata do diretório estadual do PT, que não aceita o lugar de vice na chapa de oposição ao PSDB e defende candidatura própria para as eleições de outubro.
;A militância não vai acatar decisões de cima para baixo. O presidente Lula sabe da resistência (em compor chapa com Hélio Costa como candidato) e não há sinalização de que isso vá acontecer na prática;, disse o presidente do PT mineiro, o deputado federal Reginaldo Lopes. O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel disputam o posto de candidato petista na sucessão estadual. ;Temos o nosso calendário, as prévias estão marcadas. O PT só não terá chapa própria se não tiver candidato;, afirmou Lopes.
O presidente do PT em Minas não acredita na hipótese de a sigla desistir da candidatura própria, por causa do estrago que a situação causaria em meio à militância, que há dois anos aposta em um dos dois nomes do partido para suceder o governador Aécio Neves (PSDB). Mas esse risco não está descartado. Lula passará esta semana fora do país e pretende acertar os ponteiros com o PMDB quando voltar, no início da semana seguinte. Se convencer Patrus e Pimentel a retirarem suas pré-candidaturas ao governo, para facilitar o entendimento em torno da candidatura de Dilma, o partido ficaria sem um nome.
Oficialmente, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, não cogita tal hipótese. Ele terá uma reunião com Pimentel e Patrus esta semana para tentar um acordo sobre quem sairia candidato pelo partido. ;Já conversei com os dois separadamente, agora marcamos essa reunião juntos para chegarmos a um consenso. Como bem ensina a política mineira, é preciso conversar antes de tomarmos decisões;, destaca Dutra, que diz não saber da promessa de apoio de Lula a Hélio Costa. ;Não posso dizer se o presidente falou ou não isso a ele (Hélio Costa). O que posso afirmar é que ele não falou nada disso para mim, nem para o Pimentel ou o Patrus;, garantiu.
Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara, também não confirma o apoio de Lula ao ministro das Comunicações. Mas considera muito provável o gesto. ;Como o presidente é uma pessoa muito espontânea e direta, acho até natural que ele manifeste essa preferência publicamente. Mesmo porque o Hélio Costa está liderando as pesquisas e o presidente sabe disso;, afirma. De acordo com Alves, o palanque em Minas Gerais deve ser formado com Hélio como candidato a governador e Patrus para vice. ;O Pimentel é uma pessoa muito próxima da ministra Dilma, eles se dão muito bem. Acho que deve ir mesmo para a coordenação da campanha dela, deixando Patrus para concorrer na chapa;, comenta.
Cenários
Durante a inauguração de uma obra na última semana, em Belo Horizonte, Patrus admitiu estar aberto a outras opções se a sua candidatura não vingar. ;É um projeto que não é pessoal, mas expresso no sentimento de pessoas, de lideranças e de militantes partidários da sociedade civil. Se esse projeto não se viabilizar, vamos então considerar outros cenários.; Questionado sobre se foi convidado por Lula a retirar sua candidatura, o ministro negou. ;É claro que o presidente é uma grande referência, estamos refletindo sobre o quadro, mas não há nenhuma imposição nesse sentido;, afirmou.
Já Fernando Pimentel está a cada dia mais envolvido com a coordenação política da campanha da ministra Dilma e seu nome é cotado para um eventual ministério no governo, caso ela seja eleita. Se os dois petistas retirarem suas pré-candidaturas, o deputado Virgílio Guimarães pode assumir o lugar de vice na chapa com Hélio Costa. ;Quem vai decidir o vice é o próprio PT, não queremos dizer um nome da nossa preferência. Certamente o Virgílio seria um espetáculo, pela forte ligação que tem com os deputados federais e estaduais;, disse, ontem, o presidente do PMDB em Minas, Antônio Andrada, que também vê com bons olhos a escolha de outros nomes, como Patrus, Pimentel ou Luiz Dulci.
; Colaborou Renata Mariz