Jornal Correio Braziliense

Politica

Candidatura de José Serra é vista como certa pela maioria do PSDB

No entanto, definição do vice na chapa tende a se estender até o fim de maio

Os tucanos chegam a esta sexta-feira com um candidato a presidente da República, José Serra, e um caminhão de incertezas sobre o futuro, especialmente depois da investida da bancada mineira para a troca do governador de São Paulo, José Serra, pelo de Minas, Aécio Neves. A ordem agora é fortalecer a pré-campanha presidencial do governador paulista e esperar baixar a poeira que veio de Minas ; um movimento que provocou mais divisões e mal-estar entre os tucanos, ao ponto de adiar a escolha do vice para o fim de maio. ;A certeza que tenho é a de que Serra é o candidato do PSDB à Presidência. Quanto ao Aécio, não sei;, afirmou o presidente do Instituto Teotônio Vilela, deputado Luiz Paulo Velozo Lucas.

A frase do deputado, um dos mais ligados a Serra, deixa claro o que vários tucanos comentam nos bastidores: ainda que Aécio tenha dito ;não; reiteradamente ao convite feito por Serra num encontro entre os dois, seu partido não considera terminada a operação para ter o mineiro no papel de vice. Também não irá pressioná-lo para assumir o posto. A intensão da cúpula tucana é dar tempo ao tempo para ver se Aécio muda de ideia. ;O senador Sérgio Guerra havia nos dito que, se Aécio não fosse o vice, o DEM indicaria. Nós só vamos tratar deste assunto lá pelo fim de maio (1);, diz o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Sem Aécio, uma opção é o senador Tasso Jereissati, do Ceará, o estado que o PSDB considera mais complicado do ponto de vista eleitoral, uma vez que o partido não tem palanque onde abrigar seu candidato a presidente. Ocorre que Tasso esta semana, ansioso com a indefinição da candidatura, terminou incluído na lista daqueles que, ao lado dos mineiros, trabalharam pela troca de Serra por Aécio.

Fogo amigo

Apesar de toda a demonstração de força do governador de Minas e do fogo amigo que Serra enfrentou nos últimos dias, o governador paulista não piscou nesses últimos dias. E, enquanto busca aplainar o terreno em Minas, tentará consolidar as bases da pré-campanha em outras paragens. Hoje, irá a Goiânia, para o aniversário do senador Marconi Perillo. Há uma possibilidade de passar ainda no Rio Grande do Sul. Durante a semana, o presidente do diretório do PSDB paulista, José Henrique Lobo, secretário de Relações Institucionais de Serra e um dos coordenadores da campanha ao governo estadual em 2006, comunicou que está de mudança para Brasília. Lobo irá organizar a parte administrativa do partido com vistas à campanha presidencial. Dentro do PSDB paulista, é dado como praticamente certo que, antes de deixar o governo, Serra anunciará o nome de Geraldo Alckmin como o candidato do PSDB ao governo estadual. O comando paulista do partido seria o deputado federal Júlio Semeghini, mais ligado a Alckmin.

Todos esses movimentos são vistos como sinais de que Serra já avançou demais para recuar agora. Portanto, concluem os tucanos, os boatos da desistência, associados ao movimento da bancada mineira, prejudicam o PSDB como um todo, quando o partido deveria estar mais preocupado em trabalhar em conjunto para derrotar o PT. A maioria avalia que todo o movimento em torno de Aécio poderia não se materializar em apoio ao tucano, uma vez que o PSB de Eduardo Campos, por exemplo, não largaria o PT para ficar ao lado do PSDB. O PR e o PDT já fecharam com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Quantos aos índices das pesquisas, que apontam Dilma quase empatada com Serra, os aliados do tucano avisam que ele já enfrentou campanhas largando bem atrás e isso não o assusta. Em 2002, tinha menos de 10% nas intenções de voto. Chegou ao segundo turno, quando o país estava numa onda pela candidatura de Lula. Hoje, sem fazer pré-campanha declarada pelo país afora, continua num patamar bem acima daquele da largada de 2002. E, desta vez, embora a campanha seja difícil, o adversário não será Lula. Já é um começo, na avaliação dos aliados do governador paulista.


1 - Pré-convenções
Os políticos falam em fim de maio porque em junho começa a temporada das convenções para oficialização das candidaturas, onde é escolhido também o candidato a vice-presidente em cada chapa. O prazo das convenções termina em 30 de junho.