; Alessandra Mello
; Leonardo Azevedo
; Patrícia Aranha
; Bertha Maakaroun
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), foi veemente ao negar que pretenda compor uma chapa presidencial com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). ;Ninguém vota no Brasil em vice-presidente da República;, disse, logo depois do almoço no Palácio da Liberdade, que reuniu o vice-presidente José Alencar (PRB), ministros, parlamentares e governadores de vários partidos. Presente, Serra evitou a imprensa, assim como fez durante toda a permanência em Belo Horizonte.
Já o deputado federal Ciro Gomes (1) (PPS-CE), cotado como candidato a vice-presidente numa eventual chapa encabeçada por Aécio, conversou animadamente e posou para fotos junto com o governador mineiro, da sacada do Palácio. No dia anterior, Serra e Aécio tiveram um encontro reservado em Brasília, mas o governador mineiro garantiu que ainda não foi a conversa definitiva que motivasse uma declaração pública.
Aécio refutou também a possibilidade de substituir Serra como candidato a presidente da República se o governador paulista optar pela candidatura à reeleição em São Paulo. ;Vou dizer taxativamente, o tempo de uma eventual candidatura minha à Presidência da República passou. Não será dessa vez;, disse, se colocando como ;um soldado do partido;, que apoiará Serra, assim que seu nome for oficializado. ;Me preparei para apresentar uma proposta de candidatura presidencial, respeito a decisão do partido. Vou ser um instrumento de soma e não de divisão;, pontuou. O governador mineiro garantiu que não mudará de posição, mesmo que Serra desista. ;A partir do momento em que anunciei (que estava fora da disputa), não fiz isso para ter retorno lá adiante;, pontuou.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), rechaçou a pressão que tucanos e políticos do DEM e do PPS fazem para que Aécio aceite compor a chapa com Serra. ;Cria-se um salvacionismo que não é real, porque quem ganha eleição não é o vice, é o candidato a presidente. Pode colocar o (ex-presidente da África do Sul) Nelson Mandela como vice que, se o candidato for fraco, não adianta;, argumentou. ;Vamos ter abertura para conversas mais íntimas a partir do momento em que Serra se lançar. Não para fazer como a Dilma faz, mas para se comportar como pré-candidato, conforme prevê a legislação, e depois como candidato, também dentro da lei;, disse, logo depois do almoço. Já para o deputado José Aníbal (PSDB-SP), ligado a Serra, não há dúvidas de que o governador paulista é o candidato a presidente. Ele insistiu no nome de Aécio para compor. ;Para vice temos Aécio e Aécio;, afirmou.
História
Em um discurso emocionado e em tom de despedida do governo de Minas, Aécio reverenciou o centenário de Tancredo Neves durante a solenidade de inauguração da Cidade Administrativa. Diante de senadores, ministros, governadores, além de deputados federais e estaduais mineiros, Aécio recuperou as grandes figuras mineiras que construíram a história do Brasil e mandou um recado claro: ;Minas foi, é e será sempre o centro;.
Num momento em que os tucanos se debatem em torno da formação da chapa que concorrerá ao Planalto, Aécio afirmou: ;O tempo da história não é o passado. Não é o presente. O tempo da história é sempre. É ela que nos dá a referência fundamental do que fomos, alimenta o que somos e forja aquilo que poderemos vir a ser;.
Apresentada pela atriz Cristiane Torloni, que ao lado de Tancredo Neves engrossou vários palanques das Diretas Já país afora, a solenidade foi acompanhada por cerca de 8 mil pessoas. Ainda em referência àqueles anos de luta pela redemocratização do país, a voz de Fafá de Belém ecoou o Hino Nacional. Na sequência, o operário Airton Teixeira, que participou dos trabalhos ao longo dos dois anos da construção da cidade administrativa, entregou um capacete ao governador mineiro.
1 - Ciro alfineta Serra
O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), pré-candidato à Presidência, criticou a pressão feita pelo PSDB e pelo DEM para que o governador Aécio Neves (PSDB) aceite ser candidato a vice em uma chapa encabeçada pelo governador paulista, José Serra. ;A turma de São Paulo quer resolver esse problema no gabinete. Querem tirar a política do povo. O Aécio tem delegação de Minas para ser presidente, não para ser vice de um cara que impede ele de ser presidente;, afirmou Ciro. Segundo ele, uma eleição com Dilma, Aécio e ele no páreo facilitaria um entendimento futuro e enterraria a política de ódio e a disputa entre PT e PSDB de São Paulo , que domina o poder desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.