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Para PMDB, Hélio Costa é candidato ao governo e Patrus ao Senado em Minas

No entanto, petistas negam qualquer acerto

Na última segunda-feira (22/2) , o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), deu um telefonema à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Avisou que estava a caminho de São Paulo para uma conversa com o governador José Serra, do PSDB, apontado hoje como o nome tucano para concorrer à Presidência da República. Alves comunicou à ministra que seria apenas uma conversa de velhos amigos, pedida pelo governador paulista e que Alves não tinha como recusar. Coincidência ou não, ontem, os peemedebistas se apressaram em dizer que a situação em muitos estados estava praticamente resolvida.

Na casa do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), o comando partidário tratou a candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao governo de Minas Gerais como favas contadas. O deputado Virgílio Guimarães foi até citado como vice na chapa de Costa. Uma das vagas para o Senado estaria mais para o ministro Patrus Ananias, uma vez que o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel seria o coordenador político natural da campanha. Da parte do PMDB, estaria fechado que, no Rio Grande do Sul, José Fogaça não abriria seu palanque para receber o tucano José Serra. O mesmo se daria em Mato Grosso do Sul. E estava fechado ainda que o vice na chapa de Dilma seria Michel Temer. ;A nossa prioridade era Minas;, afirmou Alves ao Correio.

No fim da tarde de ontem, no entanto, a confusão estava formada. ;Não reconheço nenhum acordo. A candidatura própria do PT é o caminho natural. Se não for assim, alguém terá que apresentar essa tese para ser votada no congresso estadual do PT. A tese do palanque único vale para a campanha presidencial de Dilma, mas não para nós, do PT de Minas, que somos oposição ao governo do estado;, comentou o presidente petista em Minas, Reginaldo Lopes. ;Esse é o desejo do PMDB. Queremos um acordo com os peemedebistas, mas essa configuração não está fechada. E o vice-presidente, José Alencar? Eles esqueceram que pode haver um acordo em torno do nome do vice-presidente?;, completa Pimentel, jurando que não participou de reunião com Hélio Costa e Patrus para tentar fechar um acordo.

A resistência do PT mineiro em aceitar o desenho apresentado pelo PMDB preocupa o Planalto. O presidente Lula avisou aos petistas, em alto e bom som, no congresso do partido no último sábado que a sua prioridade é a campanha da ministra Dilma Rousseff e espera que todos se acertem nos estados. Há ainda um receio de que o governador de Minas, Aécio Neves, uma águia em atrair aliados, acabe levando Hélio Costa para a sua base, caso o PT retarde a decisão.

Bahia

Outra preocupação é com relação ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Ele tem reclamado que os prefeitos do PMDB baiano têm sido pressionados a apoiar a candidatura de Jaques Wagner à reeleição. Geddel não gostou de ver o governador desfilando no carnaval de Salvador com a ministra Dilma Rousseff ao lado, enquanto ele ficou apenas cinco minutos com a petista e ainda assim na companhia de Wagner. O desfile foi a senha para o PMDB cobrar critérios para uma convivência dos dois palanques na Bahia, por exemplo, a ausência do presidente Lula no estado ; uma proposta que o presidente dificilmente aceitará, afinal, é amigo de Wagner.

A situação de Geddel foi tema da conversa entre Henrique Alves e José Serra na segunda-feira. O nome dele foi mencionado quando os dois trocaram impressões sobre o cenário nacional. O governador paulista disse que tem muito apreço por Geddel, aliado do PSDB no governo Fernando Henrique Cardoso. E, embora Henrique Alves garanta que está tudo tranquilo entre PMDB e PT, se as resistências não forem quebradas, o PSDB, embora sem esperanças de atrair o PMDB, está na área pronto para acolher todos os que o PT recusar. Para muitos políticos, é sinal de que, agora, o jogo eleitoral começou a esquentar.

Cabo de guerra
Apesar das tentativas de acerto, PT e PMDB ainda marcham em caminhos opostos em pelo menos cinco estados:

# Minas Gerais

Embora o PMDB trate o caso como muito bem encaminhado, o PT avisa que o natural é o partido ter candidato próprio ao governo estadual. Há uma disputa entre Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias pela indicação. Já os peemedebistas querem emplacar o ministro Hélio Costa.

# Pará

O PT do Pará se reuniu na segunda-feira com o deputado Jader Barbalho, mas, embora haja interesse na aliança, ainda não está fechado que o PMDB indicará os candidatos a vice-governador e ao Senado na chapa da governadora Ana Júlia. Ficaram de ter uma nova conversa na semana que vem.

# Bahia
Certo de que haverá duas chapas ligadas ao governo, a do governador Jaques Wagner e a de Geddel Vieira Lima, o PMDB busca a definição de critérios claros para essa convivência de forma a não prejudicar a candidatura do ministro da Integração Nacional.

# Mato Grosso do Sul
A expectativa do PMDB é a de que os petistas retirem a candidatura de Zeca do PT ao governo estadual. Lula já pediu ao amigo que não saia candidato de forma a garantir que André Puccinelli não dará o seu palanque a um nome do PSDB.

# Rondônia
O PMDB deseja concorrer ao governo estadual com o apoio do PT, só que os dois partidos caminham para palanques opostos.