O PSB intensificou a pressão para o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) desistir da candidatura à Presidência da República e se lançar ao governo de São Paulo. Incomodado, o parlamentar classificou como ;remotíssima; a possibilidade de entrar na disputa estadual e estabeleceu como prazo para sua decisão o mês de junho, quando as convenções nacionais oficializarão todos os nomes da corrida pelo Palácio do Planalto. Diante da dúvida em que se tornou Ciro Gomes, o PT vai mobilizar a militância em favor dos candidatos próprios. O partido não pretende esperar Ciro Gomes bater o martelo e prepara uma agenda envolvendo a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ciro reuniu-se ontem com 20 representantes de nove partidos que formaram uma aliança contra o PSDB do governador paulista, José Serra. PT, PCdoB, PSB e PDT capitanearam a pajelança em favor do deputado. Foi apresentada pesquisa de intenção de votos ; segundo a qual Ciro sairia de um patamar de 18% de intenção de votos ; e o potencial de uma chapa capitaneada pela oposição em São Paulo. De acordo com os dirigentes partidários, a coligação teria cinco vezes mais candidatos e tempo de TV do que a chapa apoiada por Serra.
O deputado reconheceu que a pressão para desistir da corrida pelo Palácio do Planalto o incomoda e frisou que, apenas na hipótese de a sorte do país estar em jogo, consideraria a possibilidade de ser candidato a governador em São Paulo. ;Eu e meu partido precisamos nos convencer de que é essencial para a sorte do país essa candidatura em São Paulo, mas isso não deve acontecer e fica no campo do improvável;, afirmou. Ciro insistiu que sua candidatura presidencial torna-se fundamental como forma de pregar a renovação do Congresso. Para ele, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, refém do PMDB, ficará de mãos atadas. ;Como a Dilma vai fazer um discurso de renovação do Congresso se há uma aliança com o PMDB? Ela não tem como fazer esse discurso, eu tenho.;
Possibilidade
O partido de Ciro não tem a mesma certeza e está diminuindo o apoio à sua investida presidencial. O PSB teme fazer uma aposta arriscada e sair menor do que entrou na eleição. Por isso prefere se fiar na porta aberta com a ;possibilidade; dita pelo deputado do que com um ;não; absoluto. ;Ele disse talvez. Se ele sair em São Paulo resolveria muita coisa, puxaria muito voto para o 40 (número de urna do PSB);, afirmou o secretário nacional de Finanças, Márcio França (SP). Haverá um novo encontro em 15 dias e outro em abril.
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) disse que Ciro está muito resistente à ideia de ser deslocado para a disputa estadual. Para não ficar preso à decisão dele, o PT prepara uma agenda de visitas das estrelas petistas a cidades de São Paulo. Além disso, a legenda começará a gravar inserções de TV com Lula, Dilma e Mercadante. O senador é apontado como o nome preferido para disputar o governo dentro do PT. O único problema é a insatisfação de Mercadante, que tem mobilizado sua estrutura para retornar ao Senado.
"Eu e meu partido precisamos nos convencer de que é essencial para a sorte do país essa candidatura em São Paulo, mas isso não deve acontecer e fica no campo do improvável"
Ciro Gomes, deputado federal