Como uma verdadeira celebridade, assediada por todos os lados, dando autógrafos e tirando fotos, a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do governo nas eleições presidenciais, foi a estrela no Encontro Nacional da Juventude do PT, realizado num clube em Brasília. Uma plateia de aproximadamente 600 pessoas recebeu a ministra parodiando um conhecido funk carioca: ;Eu só quero é ser feliz, quero ver a Dilma governando esse país. E poder me orgulhar, a Juventude do PT está aqui pra te apoiar;, cantavam os militantes. Ao lado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; do presidente do PT, Eduardo Dutra; e do deputado federal Geraldo Magela (DF), a ministra também entoou músicas ao microfone depois de falar por 20 minutos diante dos agitados participantes do evento.
Antes de discursar, Dilma concedeu uma entrevista coletiva, em que rebateu as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em artigo(1) publicado ontem no jornal O Estado de S. Paulo, FHC aponta como um erro de Lula na campanha de 2010 comparar a própria gestão com a sua à frente do Planalto. A ministra adiantou que continuará firme com a estratégia. ;A comparação, quando se trata de escolher caminhos, é sempre boa. Não estou desmerecendo ninguém, estou apenas dizendo que nosso caminho é melhor;, afirmou Dilma, que passou mais da metade da coletiva enumerando os feitos do governo do PT desde 2003. ;Comparar não é olhar no retrovisor. É decidir qual a trilha certa a seguir;, enfatizou.
Ao ser questionada sobre um possível caráter eleitoreiro na sua passagem pelo evento da ala jovem do PT, a ministra pediu a Dutra para responder. O presidente eleito da sigla destacou que Dilma estava no encontro como ;militante;. ;É um ato interno do partido, realizado em um ambiente interno;, disse Dutra. Em seguida, a ministra completou: ;Não sou nem pré-candidata;. Ao fim da conversa com os jornalistas, Dilma se preparou para subir no palco do evento. Trocou a blusa branca de botões e o colar de pérolas com os quais chegou ao local por uma camiseta da Juventude do PT. E, com desenvoltura notoriamente melhor que há alguns meses, cumprimentou a plateia sacudindo os braços.
A ministra chegou até a pular no palco, seguindo uma brincadeira iniciada pelos participantes, que gritavam repetidamente: ;Quem pula está com Dilma;. No discurso, a ministra tratou de temas relacionados à juventude, destacando que é preciso avançar nas políticas sociais para essa faixa etária. Ao ler uma faixa que reivindicava um PAC da Juventude, ela mostrou simpatia pela ideia. ;Acho que está correto. A juventude beneficiou-se de todos os programas do governo. De uma forma ou de outra, eles têm foco na juventude. O passo seguinte pode ser um programa integrado.;
Autógrafos
Mais longo que o discurso foi o tempo que a ministra permaneceu dando autógrafos e tirando fotos com os participantes do evento. Petista de carteirinha, Gildo Viana, morador de Sobradinho, deu a filha, Maria Luiza, para a ministra segurar. Ao contrário de um garoto de um ano e oito meses que negou um beijo à Dilma, quando a ministra esteve numa missa de ação de graças por sua saúde em Salvador (BA), a menina de 10 meses ficou confortável no colo da candidata, que a beijou. O pai, orgulhoso, registrou o momento. ;Fiz a foto logo;, comemorava. Dilma demorou para conseguir deixar o local, tamanho era o assédio dos militantes. Um dos participantes chegou a quase entrar no carro da ministra.
1 - FHC
O ex-presidente, no artigo, acusa Lula de tomar como suas políticas iniciadas no governo tucano e distorcer dados nas comparações. Em uma das frases mais enfáticas do texto, dispara: ;Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas, se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer;.