O PT não quer saber de insatisfação dos principais aliados na corrida presidencial ao montar a estratégia eleitoral da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A orientação é aceitar todos os apoios para aumentar o volume de campanha e isolar os adversários, mesmo que isso signifique subir em mais de um palanque nos estados onde os partidos da base do presidente Lula estejam separados.
A polêmica surgiu após a pré-candidata petista reunir-se com o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PR), e discutir o apoio(1) eleitoral, o que enfureceu o governador Sérgio Cabral (PMDB), que negocia o apoio dos petistas. ;Nós não podemos rejeitar apoio. O PT vai com o Cabral, mas a Dilma pode ter o apoio do Garotinho;, disse o presidente eleito petista, José Eduardo Dutra.
O encontro entre o político do PR e a ministra ocorreu no início da semana passada e desdobrou-se em controvérsia porque surgiram relatos de que Dilma havia se comprometido a dividir o palanque, jargão político para, num comício eleitoral, pedir voto para determinado candidato. Como Cabral considera-se aliado primordial na eleição, sentiu-se traído.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Dilma não recusará acordo, mas negou que tenha havido compromisso de palanque. ;Não teve promessa de nada. Vamos ter situações em que vamos ter mais de um candidato apoiando a ministra Dilma;, disse Padilha.
O PR negocia o apoio formal ao PT, por isso esse tema é tratado com cautela. ;Apoio não se rejeita. O PT vai estar coligado com o governador Cabral. Se o Garotinho diz que apoia a Dilma, ela chuta ele? A situação do Garotinho no Rio vai acontecer em diversos estados;, afirmou José Eduardo Dutra.
De fato, o Rio de Janeiro é apenas um exemplo no balaio de complicações que se tornaram as negociações regionais da aliança do PT com o PMDB. O problema se repete na Bahia, em Minas Gerais, no Maranhão, em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul. ;Vamos ter situações de mais de um palanque. A condução da campanha da ministra vai tratar desse tema;, afirmou Alexandre Padilha. Mas há estados onde os palanques serão de outros aliados, como em Santa Catarina, no Piauí, em Mato Grosso e no Espírito Santo, por exemplo.
Dutra citou o Maranhão como uma situação complexa porque o PT local flerta com três candidatos: a governadora Roseana Sarney (PMDB), o ex-governador Jackson Lago (PDT) e o deputado Flávio Dino (PCdoB). Há uma tendência de apoiar a peemedebista. ;O Jackson já disse que vai apoiar a ministra Dilma, não podemos rejeitar isso;, disse José Eduardo Dutra, ressaltando a importância do acerto.
Querela
O presidente eleito do PT disse que em Minas a opção pelo vice-presidente José Alencar (PRB) pode surgir como alternativa ao impasse criado entre petistas e peemedebistas. ;O Zé Alencar teria o apoio de todos os partidos lá;, disse. Mas, antes de discutir a viabilidade da candidatura do vice, Dutra defendeu a necessidade de resolver o impasse interno entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias. Os dois pleiteiam a indicação para disputar o governo estadual. Não bastasse a querela, há ainda uma discussão sobre se o candidato governista será do PT ou do PMDB, que tem como pré-candidato o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
1 - Comunistas próximos
Depois de PMDB e PDT anunciarem a intenção de formalizar o apoio eleitoral, a cúpula petista espera agora um sinal do PCdoB, que deverá fechar um indicativo de aliança com a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, na próxima reunião da Executiva Nacional. ;O PCdoB deve fazer uma sinalização de apoio antes do Congresso do partido;, disse o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra.