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Aliados de Serra pressionam para que governador visite Salvador, Recife e Rio no carnaval

As pressões internas para que o pré-candidato à Presidência da República, José Serra (PSDB), saia da toca e mostre a cara para eleitores de todo o país estão cada vez mais fortes. Parte do tucanato reclama da postura reclusa do governador de São Paulo e acha que ele deveria voar além dos limites do estado para se fazer presente em outras capitais. Serra resiste, alegando que a melhor forma de dar visibilidade à sua pré-campanha é governar ;bem; o estado até abril, quando será obrigado pela Justiça Eleitoral a sair do cargo.

Na semana passada, o presidente do PSDB baiano, Antonio Imbassahy, ex-prefeito de Salvador, intimou Serra a comparecer em pelo menos um dia no carnaval da cidade, que reúne 2 milhões de foliões e é apontado como a maior festa popular do planeta. ;Fiz o convite porque acho importante ele conhecer essa manifestação cultural;, justifica.

Na verdade, o PSDB da Bahia está de olho é na exposição que Serra terá, caso aceite o convite tentador. Segundo a Empresa de Turismo de Salvador (Emtursa), o carnaval baiano gera 161 horas de transmissão em redes de televisão local, 66 horas em rede nacional e mais 100, de internacional. A cobertura chega a todas as cidades por meio de jornais de circulação local e nacional, além das seis maiores emissoras de televisão que operam no Brasil. ;A exposição na mídia seria uma consequência da visita;, assegura Imbassahy.

Segundo avaliação do diretório baiano do PSDB, a pré-campanha de Serra está deixando a desejar quando se fala em exposição nacional. Imbassahy sugere que o governador de São Paulo aproveite a visita a Salvador e siga até o Recife, onde o carnaval também ;bomba;, quando se fala em concentração de populares nas ruas. ;Se Serra deixar para mostrar a cara só depois de abril, já será tarde. Até porque estamos em ano de Copa do Mundo;, avisa Imbassahy.

O prefeito de Caxias do Sul (RJ), José Camilo dos Santos, presidente do diretório estadual do PSDB, também defende que Serra dê ;uma passadinha; pelo carnaval do Rio. O governador de São Paulo não respondeu ao convite ainda. É possível que sua concorrente número um, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT, passe por Salvador e pelo Rio nos dias de folia. ;A Dilma é uma desconhecida da população. Ela precisa muito mais de mídia do que o Serra, que já é conhecido nos quatro cantos do país;, sustenta o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Barros Munhoz (PSDB).

O deputado assegura que há pesquisas internas mostrando que Serra está conduzindo bem a pré-campanha e que não há necessidade de fazer exposição fora de São Paulo. ;Nesse momento, Serra tem mais é que ficar recluso e preparar um bom programa de governo. Essa exposição que a Dilma está fazendo não passa de um ;oba-oba;. A campanha vai esquentar mesmo é depois da Copa do Mundo. Além disso, o Brasil conhece bem o Serra, que já foi candidato a presidente da República, e ministro da Saúde;, destaca Munhoz. Ele ressalta ainda que a campanha do tucano terá dois apelos: os genéricos (1)e o programa de tratamento da Aids, que é considerado um dos melhores do mundo.

O presidente do diretório do PSDB paraense, senador Fernando Flexa Ribeiro, compartilha a opinião de Munhoz: Serra não deveria aceitar o convite para ir a Salvador, Recife e Rio. ;A combinação carnaval e política nunca deu muito certo;, defende. No entanto, Flexa acha que Serra deveria ;botar a cara em outros estados; logo após a quarta-feira de cinzas. O tucano paraense também aproveita para alfinetar a candidata do PT. ;A pré-campanha dela não serve de parâmetro porque a Dilma ,sup>(2)é nada sem o presidente Lula. Ela depende do poder de transferência de voto dele. Sem o Lula, a Dilma é um poste;, critica.

Assim que o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), desistiu de concorrer à Presidência da República, o secretário-geral do partido, deputado Rodrigo de Castro (MG), programou uma série de viagens para Serra fazer pelo Norte e pelo Nordeste a partir de fevereiro. O objetivo é dar visibilidade à pré-campanha e resolver problemas internos para reorganizar a legenda. No Ceará, por exemplo, o senador Tasso Jereissati (PSDB) ainda resiste em ser o candidato ao governo. O PSDB também terá problemas no Rio de Janeiro, já que Fernando Gabeira (PV) disse que vai apoiar a candidatura de Marina Silva à sucessão de Lula.

Procurado pelo Correio, Serra mandou dizer pela Assessoria de Imprensa que ainda não decidiu onde passará o carnaval e que não comenta assuntos de pré-campanha.


1 - Genéricos
O governador José Serra é o mentor da Lei dos Genéricos, que completou uma década no ano passado. A venda desses medicamentos a preço popular será um dos principais motes da campanha presidencial do tucano. Na época do aniversário da lei, Serra criticou o governo federal alegando que não há divulgação eficiente e que a população ainda desconhecia a qualidade desses remédios, que chegam a ser 20% mais baratos do que os convencionais por não levarem na caixa o nome comercial dado pelos laboratórios.


2 - No ;paraíso;
Em clima de campanha com peemedebistas durante evento na cidade de Rio Claro (SP), Dilma Rousseff disse ontem que uma das maiores ambições que ela tem é a de ;levar os brasileiros ao paraíso;. A sugestão partiu do discurso do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que quer a vaga de vice na chapa de Dilma. ;Concordo em gênero e número com o deputado Temer, e gostaria de muito de levar os brasileiros ao paraíso.; Depois dos discursos em tom de campanha, Dilma afirmou que a aliança com o PMDB é baseada em projetos concretos.