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Dia do Fico ministeria

Lula convence parte da equipe a permanecer na Esplanada e deixar de lado palanques estaduais

Aos poucos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedindo a ministros que não saiam do governo em abril. Na última quarta-feira, foi a vez de Orlando Silva, do Esporte. Antes da solenidade que marcou o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado a investimentos em infraestrutura para os estados-sede dos jogos da Copa de 2014, Lula se reuniu com o ministro, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Trataram das Olimpíadas de 2016 e da Autoridade Pública Olímpica. "Com uma agenda dessas, como é que você pode sair agora para ser candidato? Vou falar com o PCdoB e dizer que eu prefiro que você fique, afinal, já conhece todo mundo, e está fazendo um bom trabalho aqui", disse o presidente ao ministro. Como muitos com quem Lula tem conversado para tratar dos 10 próximos meses, Orlando terminou cedendo. Falta apenas o sinal verde do PCdoB para ele permanecer no ministério, adiando o seu projeto de tentar um mandato de deputado federal por São Paulo. O ministro é o nome acertado entre as três esferas de governo - União, prefeitura e estado do Rio de Janeiro - para assumir o cargo de chefe da Autoridade Pública Olímpica, o órgão encarregado de fiscalizar e cobrar a infraestrutura necessária às Olimpíadas do Rio, em 2016. E, pelas conversas no Planalto, o PCdoB não será o único a perder candidatos. Assim como Lula insistiu para que o PT não lhe tirasse Gilberto Carvalho da chefia de gabinete no ano passado, ele vai dizer ao partido que há alguns nomes que ele prefere dentro do governo. Nesse rol, o ministro da Educação, Fernando Haddad, é hoje muito mais candidato a uma vaga de doutorado em Harvard, nos Estados Unidos, do que a percorrer o território paulista em busca de votos para ficar quatro anos no Congresso. Desistência O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, é outro que o PT deve perder para Lula. Cogitado para concorrer a vaga de deputado federal no Paraná, Bernardo, no entanto, deve desistir do projeto político para atender ao presidente. É que, no desenho feito nos últimos dias, o Planejamento deve incorporar às suas tarefas a administração do PAC, que hoje está sob a tutela da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Essa transferência está prevista para abril, quando Dilma deixa o governo para se dedicar à campanha. E Paulo Bernardo, por ser um dos mais próximos ao presidente, tende a continuar tocando os projetos no período eleitoral. No Ministério da Defesa, os assessores palacianos dão como certa a permanência do ministro Nelson Jobim, apesar de toda a polêmica em torno da Comissão da Verdade, que irá investigar os crimes ocorridos no período da ditadura militar. Jobim tem como meta para 2010 a conclusão do Plano Nacional de Defesa, que ainda irá a votação no Congresso Nacional. E, para completar, o espaço do PMDB gaúcho está ocupado, sem muito chão onde ele possa enraizar uma forte campanha para deputado ou senador. 1 - Nome do PCdoB Em 2006, quando o então ministro do Esporte Agnelo Queiroz (DF) decidiu candidatar-se ao Senado pelo PCdoB, Orlando Silva, do mesmo partido, e na época secretário-executivo do órgão, assumiu a cadeira. Desde então, não saiu mais de lá. Nem mesmo a vontade de Agnelo de voltar ao cargo, após perder a eleição, conseguiu tirá-lo do ministério. Hoje, com Agnelo no PT, Orlando Silva é um dos nomes mais fortes do PCdoB. Leia mais sobre a eleição 2010 no Blog da Denise Busca por espaço Alguns ministros e detentores de cargos executivos de expressão vinculados às pastas da Esplanada mudaram seus planos por causa do interesse partidário em manter um espaço de poder ou mesmo projeção em determinadas áreas. No Ministério das Cidades, por exemplo, a assessoria do ministro Márcio Fortes informou que ele arquivou temporariamente os planos de concorrer a um mandato de deputado federal pelo PP e deve ficar no governo. A permanência faz sentido. Nas Cidades está um dos projetos mais importantes do governo, o Minha Casa, Minha Vida, ampliado esta semana para municípios com 50 mil habitantes. Dali sairá ainda o programa de saneamento, ou polo de investimentos. O cargo já pertenceu ao PT, e o PP não quer correr o risco de perder esse espaço no último ano da administração de Lula. Transportes No PR, o raciocínio foi semelhante. O partido do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, sabe dos amores do PMDB por esse setor, administrado pelos peemedebistas durante todo o governo Fernando Henrique Cardoso. Por isso, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, foi obrigado a adiar o plano de concorrer a um mandato de deputado federal por Mato Grosso. Ele ficará lá para administrar o orçamento de R$ 11,2 bilhões que saiu do Congresso para ser aplicado neste ano eleitoral. (DR e LS) Os que ficam José Gomes Temporão (Saúde) Chegou como aposta, mas no PMDB do Rio não terá espaço na campanha. Fernando Haddad (Educação) Não conseguiu avançar com a pré-candidatura a presidente. Márcio Fortes (das Cidades) Só abandona a função caso o presidente Lula faça o pedido. Alexandre Padilha (Relações Institucionais) É recém-chegado à equipe de Lula e também fica. Paulo Bernardo (Planejamento) Não conseguiu projeção para ser candidato ao governo do Paraná. Guido Mantega (Fazenda) É um soldado de Lula. Fica até o final. Franklin Martins (Comunicações) É um dos ministros a quem Lula mais recorre. Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) Não conquistou visibilidade para tentar carreira política. Miguel Jorge (Indústria e Comércio) Não pretende ser candidato a nada. Luiz Dulci (Secretário-geral) Age mais nos bastidores e não pretende sair como candidato. Samuel Pinheiro (substituto de Mangabeira Unger na secretaria de Projetos de Longo Prazo) Fica. Orlando Silva (Esporte), Depois de pedido do presidente Lula, desistiu de tentar um mandato de deputado federal por São Paulo. Nelson Jobim (Defesa) Não conseguiu voltar à seara política.