O governador Aécio Neves (PSDB) avisou nessa segunda (11/1) à cúpula tucana que vai concentrar todos os seus esforços nos próximos meses na tentativa de eleger o vice-governador Antônio Augusto Anastasia seu sucessor no governo do estado e trabalhar por sua candidatura ao Senado. A reafirmação de que voltará as baterias para Minas ocorreu durante um almoço em São Paulo, que contou com a presença do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e do senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente nacional da legenda.
A capacidade de projeção do PSDB nos estados nas eleições de 2010 era a principal pauta do encontro, mas o mais provável candidato do partido à sucessão presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não compareceu. Segundo Guerra, o governador ;tem estado ocupado com problemas decorrentes das inundações;. Um dos maiores entusiastas da chapa puro-sangue do PSDB, que eventualmente traria o nome de Aécio como vice-candidato à Presidência, FHC ouviu mais uma vez o governador mineiro dizer que não cogita essa possibilidade, por isso manterá seu plano de disputar uma vaga ao Senado por Minas.
Nas próximas semanas, o PSDB inicia a costura política para conseguir projeção nos três estados onde os tucanos avaliam que falta uma candidatura: Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro. Em Minas, Aécio arregaça as mangas a partir da semana que vem, quando planeja iniciar uma agenda conjunta de inaugurações com o seu candidato ao governo, Antônio Anastasia. Aécio pretende sair do cargo no fim de março, dentro do prazo exigido pela Justiça Eleitoral. Isso lhe permitirá se dedicar ainda mais à campanha. Mesmo candidato, Anastasia assumirá o governo em seu lugar até 31 de dezembro.
Para o presidente do PSDB em Minas, o deputado federal Nárcio Rodrigues, Anastasia terá a chance de ser conhecido. ;A partir do fim de março, ele vai ser o governador de Minas. Onde for, será a autoridade mais importante do estado. Acompanhado do Aécio, maior liderança política de Minas, é uma soma que multiplica votos;, afirmou Nárcio. A exemplo do PT no plano nacional, o PSDB terá como desafio conseguir equacionar o principal desafio do sistema eleitoral desde a aprovação da emenda da reeleição: conseguir separar as atividades de governo das atividades de campanha.
Desincompatibilizar
Em café da manhã ontem com Anastasia, Nárcio Rodrigues disse que o vice-governador está disposto a focar seu trabalho na administração do estado, deixando a linha de frente da costura política para os principais representantes do partido. ;Quem participar da campanha vai ter que sair do governo;, disse Nárcio. Os novos passos da estratégia eleitoral serão discutidos ainda esta semana, em um encontro que reunirá articuladores políticos como Nárcio; o secretário-geral do PSDB, o deputado federal Rodrigo de Castro; o secretário de Estado de Saúde, Marcus Pestana; e o secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro.
Para as lideranças tucanas, ainda é cedo para definir alianças e um possível nome para a vice-candidatura ao governo. Mas, um núcleo nomeado pelo partido iniciará as conversas com representantes dos 13 partidos que constituem a base aliada na Assembleia Legislativa. O sonho de consumo dos tucanos é conseguir atrair um partido que hoje se encontra no campo oposto no jogo sucessório de 2010, mas que é capaz de garantir votos e tempo de televisão: o PMDB. Se nos últimos pleitos foi difícil discutir um projeto comum por causa da supremacia do grupo ligado ao ex-governador Newton Cardoso no partido, este quadro ficou diferente com a eleição recente do grupo de oposição a Cardoso na disputa interna do PMDB.