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Em reunião no Rio, PSDB decide engrossar o tom das críticas ao governo Lula

Para tentar frear o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), nos próximos meses, e evitar que ela continue a beber da alta popularidade do presidente Lula, o PSDB promete elevar o tom das críticas ao governo petista, a 10 meses da eleição presidencial. A opção por uma estratégia mais agressiva foi acertada ontem na primeira reunião do ano com representantes da cúpula do partido, no Rio de Janeiro.

O primeiro ato depois do encontro, que simbolizará a nova postura do partido, é o ingresso de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o PT, pedindo à Justiça Eleitoral que considere propaganda antecipada as inserções de rádio e televisão veiculadas pelo partido governista em dezembro do ano passado. As mensagens apresentaram a ministra e pré-candidata Dilma como estrela principal das realizações do governo Lula.

O PT promete reagir e devolver o ato com a mesma moeda, provocando o TSE a também declarar propaganda antecipada as inserções do PSDB que apresentaram as realizações dos governadores e então pré-candidatos do PSDB ao governo federal, José Serra e Aécio Neves. Nos programas, a dupla exaltou realizações e o modo tucano de governar, em vez de bater em Dilma ou em Lula. O tom do PSDB mudará nos próximos dias, quando o partido cobrará uma atuação mais forte dos parlamentares, seja na Câmara ou no Senado, para que contestem realizações e números divulgados pelo governo federal. Pesquisas internas do partido confirmam a força e a popularidade do presidente Lula, mas mostram também a insatisfação de setores da opinião pública com a atuação do governo em áreas como infraestrutura, saúde e segurança pública.

Bandeiras
O PSDB traçará nos próximos dias algumas bandeiras para reforçar o discurso da militância e de seus simpatizantes. Tentará roubar um pouco do espaço conquistado pela comunicação petista nas mídias regionais, aproveitando a facilidade de entrada de vereadores e deputados do partido nesta seara. Os oposicionistas entendem que não é mais possível ficar parado (1) frente ao crescimento de um sentimento nacional que coloca o Brasil como um país com todos os problemas resolvidos. Campanhas publicitárias com tom ufanista, veiculadas recentemente por empresas como Ambev e GM, causaram desconforto entre os tucanos.

Além do presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), participaram do encontro no Rio de Janeiro o novo líder da legenda na Câmara, o deputado João Almeida (PSDB-BA), e o vice-líder no Senado, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Estiveram presentes ainda outros deputados e representantes da Executiva do partido. No encontro, ficou acertado que a próxima reunião da Executiva Nacional será em Belo Horizonte, na segunda quinzena de janeiro. É uma forma de prestigiar o governador Aécio Neves pelo gesto de abrir mão da disputa interna em nome de José Serra.


1 - Timidez em excesso
As tentativas de bater no governo em 2009 não surtiram efeito. Episódios como a CPI da Petrobras, a CPI do MST e o caso Lina Vieira não arranharam a credibilidade do Planalto. Para o secretário-geral do partido, o deputado federal Rodrigo Guerra (PSDB-MG), há uma dificuldade natural do PSDB em ser oposição e timidez por parte dos aliados. "É da natureza do partido ser cuidadoso. Já participamos do governo e isso nos inibe. Há também falha na direção nacional na hora de municiar as bases com material. Isso vai mudar", disse.