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Politica

Com saída de Aécio da disputa pela presidência, briga pelo Senado fica mais embolada

Perspectiva de que o governador mineiro saia candidato ao cargo legislativo complica o tabuleiro de articulações partidárias no estado

A decisão do governador Aécio Neves (PSDB) de desistir da candidatura à Presidência da República embola a disputa para as duas vagas de senador em Minas Gerais. Como candidato ao Senado, Aécio estaria praticamente eleito, admitem os dirigentes dos principais partidos rivais. A aliança sonhada pelo Planalto entre PT e PMDB, que enfrenta problemas diante da disposição de ambos os partidos terem candidato próprio a governador, se torna ainda mais difícil, já que haveria uma vaga de senador a menos em negociação.

Como nas últimas semanas, outro candidato de peso manifestou a intenção de disputar o Senado ; o vice-presidente José Alencar (PRB), que comemora uma redução substancial dos tumores na região do abdome ; as chances de composição para uma chapa única envolvendo peemedebistas e petistas são ainda mais reduzidas. A aliança é o prato principal de um almoço, hoje em Belo Horizonte, entre os presidentes estaduais das legendas.

O presidente do PT em Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, admite que a entrada de Aécio como candidato ao Senado forçará os partidos de oposição a um esforço maior para construir uma coligação. ;Ficará difícil convencer os aliados de que podemos lançar duas vagas para o Senado. De qualquer forma, para fazermos um entendimento com o PMDB, teríamos que abrir mão de uma vaga de senador. Além disso, o PT precisa compor com outros partidos da base aliada. Agora, se o vice-presidente José Alencar confirmar a disposição de disputar a eleição, teremos que fazer uma reflexão ainda mais profunda;, analisou.

Já o presidente do PMDB em Minas, deputado federal Antônio Andrade, é taxativo: ;Com Aécio no quadro, temos menos uma vaga de senador para ser disputada;. Eleito para a presidência do partido no último domingo, Andrade diz que a legenda não abre mão da candidatura própria. No dia seguinte à eleição, chegou a condicionar o apoio do PMDB mineiro à candidatura presidencial da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), ao apoio do PT a Hélio Costa. Ontem, voltou a dizer que o partido não está conversando apenas com o PT, admitindo a hipótese de uma composição com outros partidos, o que inclui o PSDB de Aécio.

[SAIBAMAIS]Um dos pré-candidatos do PT ao governo de Minas, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel avalia que Aécio está ;virtualmente eleito; senador. ;Uma vaga é do governador Aécio, o que complica a negociação entre os outros partidos;, afirma. Já em relação a José Alencar, Pimentel afirma que, se sair candidato, o vice-presidente terá vaga garantida na coligação encabeçada pelo PT. O outro pré-candidato do PT ao governo, ministro Patrus Ananias, não foi encontrado para comentar o novo quadro político.

Tucanato
Também no PSDB, a entrada de Aécio na disputa retira a possibilidade de o partido ter dois candidatos ao Senado, tornando remota a campanha à reeleição do senador Eduardo Azeredo. Como o candidato ao governo deverá ser o vice-governador Antonio Anastasia, restaria aos tucanos oferecer aos aliados a vaga de vice-governador e a segunda vaga de senador.