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Politica

Estratégia do PSDB para 2010 inclui não lançar candidato próprio em pelo menos 12 estados

O PSDB aposta numa estratégia conciliadora para alavancar a candidatura à Presidência da República. Abdicou de lançar candidatos em pelo menos 12 estados para apoiar nomes de mais força eleitoral. A dificuldade continua sendo o Nordeste, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dispõe de seus maiores índices de aprovação. Lá, os tucanos disputarão apenas dois governos como cabeça de chapa. Em alguns casos, terão de engolir em seco e apoiar candidatos da base aliada. O entrave mais complexo é no Ceará. Com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) de olho na reeleição, a saída será apoiar o governador Cid Gomes (PSB), que praticamente concorrerá sem um opositor à altura tendo em vista que PT e PMDB engrossarão o caldo da aliança. Nesse cenário, o estado que elegeu o primeiro senador comunista (Inácio Arruda, em 2006) estenderia um tapete vermelho à provável candidata petista, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Os governadores José Serra (São Paulo) ou Aécio Neves (Minas Gerais), pré-candidatos ao Planalto, ficariam relegados a segundo plano. Na Paraíba, parte do PSDB flerta com um partido aliado de Lula, mas o cenário é mais favorável. Apesar da briga entre o ex-governador Cássio Cunha Lima e o senador Cícero Lucena, o partido deverá seguir a tendência do DEM, que realizará pré-convenção em João Pessoa para definir se apoiará Lucena ou o prefeito da capital, Ricardo Coutinho (PSB). A intenção dos democratas é fechar com o socialista por considerar que ele tem mais chance de agregar as oposições. Nesse caso, o PT apoiaria a reeleição do atual mandatário, José Maranhão (PMDB), que recebeu o posto depois que Cássio Cunha Lima foi cassado pelo TSE. Como a questão regional é favorável ao tucanato, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), avisou que não vai intermediar a desavença. O PSDB vive igual paradoxo no Amapá. Lá, há negociação para apoiar a reeleição de Waldez Goes (PDT), apesar de o senador Papaléo Paes (PSDB-AP) ser aliado da família Sarney. Essa mesma correlação segue no Maranhão. Os tucanos cogitam apoiar Jackson Lago (PDT) contra a governadora Roseana Sarney (PMDB), possivelmente apoiada pelo PT. O PMDB deverá receber suporte em Pernambuco, caso o senador Jarbas Vasconcelos saia candidato, e no Mato Grosso do Sul. A briga entre o governador sul mato-grossense André Pucinelli (PMDB) e o PT pode colocar o peemedebista no colo de Serra ou Aécio. Tecla Todas essas potenciais opções foram definidas com base na estratégia de apoiar os nomes mais fortes e não bater à toa na tecla da candidatura própria. Na Bahia, tudo caminha para uma aliança com o DEM do ex-governador Paulo Souto, numa aproximação, a contragosto, entre o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA) e o novo carlismo capitaneado pelo deputado ACM Neto (DEM-BA). A opção pelo DEM se repete em Sergipe, em aliança com o ex-governador João Alves, e no Rio Grande do Norte, com a senadora Rosalba Ciarlini. No DF, as turbulências que abateram o governador José Roberto Arruda jogaram névoa no ar. Ao todo, o PSDB deverá ter candidatos próprios em 15 estados. A estratégia está focada no Sul e Sudeste, onde, em alguns estados, como São Paulo, o tucanato tem votação superior à do PT. No Rio, em oposição, o partido ainda não tem um nome. Tonalidade esverdeada Os tucanos estão sem saída no Rio de Janeiro, tanto que insistem no deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) como Plano A para o governo estadual. Para isso, vendem ceticismo com a consolidação da candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) ao Palácio do Planalto e aos planos de Gabeira de buscar vaga no Senado. O deputado verde já descartou a tentativa de se lançar ao governo, mas quer o apoio dos tucanos à sua empreitada.