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Proposta de Lei Orgânica da Administração pode afrouxar fiscalização, diz secretário do TCU

Além das criticas ao capítulo que trata do controle externo de obras da União, na proposta que pretende criar a Lei Orgânica da Administração Pública, o secretário-geral de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), Paulo Roberto Wiechers Martins, manifestou preocupação com o alcance da ação de fiscalização proposto pelo documento que está ainda em fase de elaboração no Ministério do Planejamento. Para Wiechers Martins, a proposta dá margem para que entidades que recebem recursos da União ou de qualquer ente federado fiquem isentas da prestação de contas.

;Não ficou claro qual o alcance das fiscalização sobre os recursos repassados a entidades privadas. Tem um artigo que define que todo aquele que usar dinheiro, bens e valores públicos está sujeito a fiscalização e deve prestar contas. Só que um parágrafo desse mesmo artigo excepciona os bens e recursos repassados a entidades privadas. Com isso, recursos repassados por convênios, ou por outras transferências similares, a organizações não governamentais, a entidades supostamente filantrópicas, todos esses recursos estariam livres de uma fiscalização direta sobre o objeto contratado;, avaliou.

Para o secretário, esse dispositivo faz lembrar os esquemas de corrupção investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Orçamento, que funcionou na Câmara dos Deputados em 1992.

;Se a sociedade não se lembra, eu me lembro muito bem. Esse foi exatamente o motivo da CPI do Orçamento, que ocorreu no governo Collor [Fernando Collor de Mello], quando recursos orçamentários eram transmitidos a título de subvenção social para entidades privadas. Eram entidades filantrópicas, que, na época, foram apelidadas de pilantrópicas. Esses recursos eram desviados para os donos das próprias empresas, para parentes próximos, e não tinha como comprovar isso a não ser pela suposição de que in loco o objeto tinha ou havia não sido realizado. Na verdade, só se descobriu tudo isso quando se foi fiscalizar essas subvenções;, lembrou o secretário.

Na época, o relator da subcomissão de subvenções sociais da CPI era o então deputado Paulo Bernardo, atual ministro do Planejamento. O trabalho da subcomissão visava a endurecer a fiscalização sobre os recursos repassados. ;O relator dessa subcomissão [Paulo Bernardo] considerou importantíssima uma ação do TCU na fiscalização dessas entidades de direito privado. O ministro Paulo Bernardo sabe muito bem da relevância de fiscalização direta dessas entidades de direto privado que recebem recursos orçamentários;, destacou o secretário.