Senadores da base aliada e da oposição consideram fundamental que o governo federal dê explicações técnicas convincentes sobre as causas do blecaute ocorrido na noite de terça-feira (10). Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o problema, que provocou falta de energia em 18 estados e no Paraguai, foi causado por um curto-circuito na linha de transmissão que sai da Hidrelétrica de Itaipu
O presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), qualificou o episódio de "grave" e destacou que a melhor forma de reduzir a politização do assunto é o governo mostrar claramente à sociedade o que aconteceu, identificar os problemas e apresentar as providências em andamento para evitar que o episódio se repita.
[SAIBAMAIS]
Para Dornelles, é impossível evitar a exploração política da pane no setor elétrico. Ele disse que a politização terá "maior ou menor repercussão na medida em que forem mais específicos os argumentos apresentados pelo governo federal".
O PSDB e o DEM consideraram insatisfatórias as explicações do governo de que efeitos climáticos causaram o blecaute e criticaram a ausência da ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, no esclarecimento dos fatos.
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), disse que os esclarecimentos devem ser dados pela ministra, que foi a responsável pela definição do novo modelo de matriz energética vigente. Antes de chefiar a Casa Civil, Dilma foi ministra de Minas e Energia
Agripino negou qualquer tentativa de politizar o assunto, mas disse estranhar a blindagem do governo à ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República em 2010. "Não há politização, mas necessidade de esclarecer o assunto. É no mínimo estranho que, na hora de dar esclarecimentos sobre o apagão, a ministra Dilma tenha sido blindada pelo governo", afirmou.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), atribuiu à ministra a iniciativa de levar o debate para o campo político, no momento em que deixou de prestar esclarecimentos. Assim como Agripino, Arthur Virgílio disse que cabe a Dilma comparecer ao Senado para explicar o que ocorreu.
"Meu dever é perguntar a quem de direito", afirmou Virgílio, que já apresentou requerimentos para que os ministros Dilma Rousseff e Edison Lobão compareçam no Senado e apresentem as justificativas.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), no entanto, manifestou-se contra o comparecimento da ministra neste momento. Para ele, a oposição tenta tirar proveito do fato e cabe a Edison Lobão, responsável pela área, comparecer ao Senado para dar as devidas explicações. "Envolver a Dilma é colocar a disputa eleitoral em jogo", afirmou Casagrande.