No primeiro dia de filiado ao diretório de São Paulo, o deputado Ciro Gomes viu cumprido o principal objetivo do seu gesto, conforme combinado há dois dias com o presidente do PSB, Eduardo Campos: distender as relações com o PT e as desconfianças que os petistas começavam a nutrir diante da insistência do parlamentar do Ceará em concorrer à Presidência da República.
[SAIBAMAIS]As primeiras declarações do presidente do PT, Ricardo Berzoini, sobre a mudança de Ciro mostram que agora, as portas para uma conversa mais contundente entre os dois partidos está aberta e há a possibilidade, ainda que remota, de o PT abrir mão de uma candidatura em São Paulo para manter o PSB no palanque da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff: "Já dissemos isso ao PSB, o PT é uma partido democrático. Pelo apreço e pelo debate sobre o futuro político do Brasil, há espaço para construir isso no PT", disse Berzoini, referindo-se à candidatura de Ciro ao governo paulista.
Conversa
O presidente estadual do PT, Edinho Silva, é da mesma opinião, de que é hora de conversar de forma mais concreta com o PSB. Tanto Berzoini como Edinho Silva sabem que a ideia de Ciro em transferir o título para São Paulo foi do presidente Lula. O próprio Ciro repetiu diversas vezes que, do ponto de vista pessoal não queria. O PSB ficou na dúvida, mas acabou decidindo pela transferência para não demonstrar um gesto de má-vontade ao rejeitar um pedido do presidente da República, aliado histórico dos socialistas.
Da parte do PSB, a hipótese de Ciro ter permanecido no Ceará só lhe deixaria como opção concorrer a um mandato de deputado federal. É que como o irmão dele, Cid Gomes, é candidato a um segundo mandato de governador, Ciro não poderia concorrer a outro cargo eletivo senão à reeleição para a Câmara. E, de mais a mais, mesmo se quisesse, Cid não poderia lhe ceder uma das vagas ao Senado porque precisa delas para fechar a aliança de sua campanha reeleitoral com PT e PMDB.