Uma semana depois de ter defendido em discurso o Movimento dos Sem Terra (MST) e recomendado uma reflexão sobre a questão fundiária no Brasil, o presidente do Senado, José Sarney, recebeu um manifesto em defesa do MST. O documento foi entregue por senadores e deputados do PT, do PC do B e PSOL e por representantes de organizações de defesa dos pequenos produtores rurais, o bispo emérito de Goiás dom Tomás Balduíno e o novo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas. O manifesto é assinado por dezenas de representantes de organizações brasileiras e estrangeiras que defendem o direito à terra.
Ao receber o documento, o senador voltou a afirmar que os brasileiros precisam fazer uma reflexão sobre os problemas do campo e lamentou que a sociedade não tenha atualizado sua legislação sobre o assunto.
"Não fomos capazes de superar a imensa injustiça existente no campo", disse Sarney.
[SAIBAMAIS]Dom Tomás Balduíno afirmou a Sarney que há "uma onda" de criminalização do MST no país e criticou a possível criação da CPI mista do MST, apresentada pela senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Kátia Abreu (DEM). O requerimento da CPMI ainda não foi lido em sessão do Congresso, ou seja, ela ainda não foi criada oficialmente.
O manifesto em defesa do MST sustenta queum país onde "apenas um por cento da população brasileira tem a propriedade de 46 por cento das terras" não pode ser ser considerado uma democracia. O documento critica a "elite rural brasileira" e a bancada de deputados e senadores ligada ao setor rural, que "sempre ataca o MST" e impede qualquer tentativa de mudar a lei que trata da produtividade do campo, o que poderia aumentar a áreas consideradas improdutivas e, portanto, sujeitas à desapropriação para a reforma agrária. Pergunta ainda por que o Congresso não faz uma CPI para investigar os perdões de dívida de grandes produtores rurais aprovados nos últimos anos e para analisar as verbas públicas destinadas às organizações da classe patronal rural.
Estiveram presentes à entrega do manifesto a Sarney, no gabinete da presidência do Senado, os senadores João Pedro (PT-AM), Fátima Cleide (PT-RO), Serys Slhessarenko (PT-MT) e José Nery (PSOL-PA), a deputada Manuela D;Ávila (PCdoB-RS) e o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o escritor Hamilton Pereira (com pseudônimo Pedro Tierra) e Zaré Brum Soares, assessor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).