As possíveis candidaturas da senadora Marina Silva (PV-AC) e do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) às eleições presidenciais em 2010 reacenderam a vontade de uma candidatura própria no PDT. Apesar de haver resistências à proposta entre políticos da própria legenda, a indicação de um nome para a disputa ao Palácio do Planalto vem ganhando cada vez mais força.
Para o presidente do partido, deputado federal Vieira da Cunha (RS), o PDT deve, preferencialmente, optar por uma candidatura própria, ainda que sem apoio de outras legendas, como ocorreu em 2006. ;Isso nunca foi descartado. É uma tradição do PDT e que é viável.; Cunha ressalta, entretanto, a importância de alianças como forma de tornar o nome de escolha do partido mais competitivo. Os acordos ampliam o tempo de propaganda no rádio e na televisão, fundamental para difundir a plataforma do candidato. ;Sozinhos, temos menos de dois minutos, o que torna uma candidatura fragilizada e eleitoralmente inviável;, afirma Cunha.
Tese
O senador Cristovam Buarque (DF), candidato do partido em 2006 e nome cotado para as eleições presidenciais, defende tese semelhante. A divulgação nacional da legenda e a defesa de um projeto nacional com base na educação justificam uma candidatura própria, avalia o parlamentar. ;Eu tenho um projeto de lei que obriga todo partido a lançar candidato a presidente. Essa é uma maneira de acabar com partidos de aluguel. Um partido que não é capaz de lançar candidato é só um clube eleitoral;, critica. Cristovam cita ainda o nome do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, como nome forte do partido para as eleições presidenciais.
"A candidatura para presidente nunca foi descartada. É uma tradição do PDT e que é viável;
Vieira da Cunha, presidente do PDT
Resistência nos estados
A maior ressalva à candidatura própria do PDT vem de candidatos a governos estaduais. E o presidente da legenda, Vieira da Cunha, afirma que esses políticos terão peso na decisão. O parlamentar cita os nomes de Jackson Lago, do senador Osmar Dias (PR) e do governador Waldez Góes, candidatos em 2010 nos estados do Maranhão, Paraná e Amapá, respectivamente, entre aqueles que serão ouvidos antes da decisão final. A relação antiga entre o PDT e a ministra Dilma Rousseff, filiada no passado à legenda, pode ainda garantir uma aliança com o PT.
Candidato ao governo do Paraná em 2006, Dias obteve 49,9% dos votos válidos no segundo turno, contra 50,1% de Roberto Requião (PMDB). O senador aponta a candidatura de Cristovam Buarque ao Palácio do Planalto como um dos motivos para a vitória apertada do peemedebista. Isso porque, devido à candidatura própria do PDT, não foi possível obter apoio de legendas como o PSDB, que lançou o nome de Geraldo Alckmin. Em 2006, Cristovam Buarque não firmou alianças com outros partidos e obteve pouco menos de 3% dos votos do eleitorado.
;Para um candidato regional é melhor estar vinculado a uma candidatura presidencial competitiva;, reconhece o presidente da legenda. O líder do PDT na Câmara, deputado Dagoberto (MT) tem opinião semelhante. Interessado em uma vaga no Senado, o parlamentar defende a reeleição de Cristovam Buarque e o apoio a uma candidatura mais forte. ;A nossa aliança, se depender da bancada, é pró-Dilma. Alguns defendem Ciro Gomes. Nós estamos no governo Lula, satisfeitos com o ministro (Carlos Lupi), e se sair neste momento (da base do governo) daria uma ideia de oportunismo;, pondera o deputado.
Cristovam, porém, contesta a tese de que uma candidatura nacional atrapalhe as disputas regionais. Para o senador, a prioridade deve ser dada à política que o partido deseja para o país como um todo. ;A gente viraria um PMDB: em cada estado se tem um partido diferente;, alfineta.