A pouco mais de um ano das eleições, os eleitores brasileiros desconhecem grande parte dos candidatos à Presidência da República. Pesquisa divulgada pela CNI-Ibope revela que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) ; um dos cotados para ser o representante dos tucanos ;, a senadora Marina Silva (PV-AC), que trocou recentemente de partido, e a vereadora Heloísa Helena (PSol), são conhecidos por menos de um terço dos entrevistados. Esses candidatos também apresentam índice de rejeição maior, considerado normal pelos especialistas.
;Se você não conhece, não vota;, afirma o cientista político da Universidade de Brasília David Fleischer lembrando que a campanha ainda não começou e que grande parte dos brasileiros não sabe o que cada candidato representa. ;O grande desafio dos partidos é começar a suprir a sociedade de informações.;
O consultor da CNI Amauri Teixeira, da empresa MCI Estratégia, responsável pela pesquisa, também concorda que o desconhecimento neste momento provoca a rejeição. ;Não temos como analisar tendências, pois não há um quadro de referência;, diz, ao afirmar que o eleitor ainda não sabe quem são os candidatos e isso só é possível a partir do confronto de nomes.
O governador de Minas e a ministra Dilma apresentam boas possibilidades de crescimento com o início da propaganda eleitoral e da apresentação detalhada das candidaturas. Aécio é um dos menos conhecidos. A CNI/Ibope mostra que 27% dos eleitores conhecem o tucano bem ou mais ou menos. O índice de rejeição é de 37%, menor do que o da ministra Dilma e da vereadora Heloísa Helena. Entre os entrevistados que com certeza votariam nele ou poderiam votar, o percentual é de 28%. Já Dilma é conhecida por 32% dos eleitores, atrás de Ciro Gomes, com 45%. A pesquisa aponta que 40% dos eleitores não votariam em Dilma, mesmo percentual de rejeição de Heloísa Helena para presidente da República. A candidata menos conhecida entre os eleitores é Marina Silva, com apenas 18% de conhecimento.
Para o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, a ministra ainda vai se tornar conhecida e deve seguir o prestígio do presidente Lula. O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) também acredita que é preciso ;colar; melhor a imagem dos dois, o que ainda não está sendo feito. A avaliação positiva do governo Lula subiu em(1) setembro, atingindo 69%, de acordo com a pesquisa CNI/Ibope. A aprovação pessoal ao presidente Lula subiu de 80% para 81%, mas a desaprovação também subiu, passando de 16% para 17%, entre junho e setembro.
Tucanos
Para o secretário-geral da Mesa da Câmara, deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), os dados foram positivos para os tucanos. ;Há um campo enorme para crescimento desses candidatos.; A eleição ainda não está polarizada e há espaço para a terceira via, que segundo ele, seria representada por Aécio. Defensor da candidatura do mineiro, o deputado federal Nárcio Rodrigues acredita que dois fatores apontados pela pesquisa serão determinantes para o crescimento do governador. O primeiro diz respeito ao nível de conhecimento e o outro, à capacidade de aglutinação. ;Aécio é o único candidato capaz de reunir forças de todas as matrizes políticas e partidárias;, diz, destacando o baixo índice de rejeição apresentado pelo governador.
Foram feitos seis cenários para as eleições de 2010. O governador de São Paulo, José Serra, lidera em todas as listas que aparece. Houve recuo de quatro pontos percentuais nas intenções de voto do governador paulista e também da ministra Dilma Rousseff, que caiu 3%. Ciro subiu em todos os cenários. A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre 11 e 14 de setembro em 142 municípios do país. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com grau de confiança de 95%.
Crescimento
De acordo com a pesquisa CNI-Ibope, o crescimento das intenções de voto do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) chama atenção no comparativo com a rodada passada. Nas três listas em que o candidato tucano é o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB-MG), Ciro lidera a preferência do eleitorado. No cenário com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), o parlamentar sobe cinco pontos percentuais, assumindo o segundo lugar, que pertencia à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
PMDB veta ;precipitação;
Depois do presidente licenciado do PMDB, Michel Temer (SP), cobrar de Luiz Inácio Lula da Silva uma definição sobre a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República em 2010, integrantes da cúpula da legenda desautorizaram o peemedebista a negociar em nome do partido uma aliança com o PT. Rachados, os peemedebistas favoráveis à candidatura do governador José Serra (PSDB) ao Planalto querem adiar o fechamento da aliança para a eleição de 2010. O grupo, liderado pelo ex-governador Orestes Quércia (SP), defende que o partido decida o seu apoio somente na convenção do PMDB, prevista para o primeiro semestre do ano que vem. Aliado de Serra, Quércia se reuniu com Temer ontem para pedir que ele não se precipite na busca de uma aliança formal do PMDB com Dilma.
Avanço sobre excluídos
O crescimento do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) na corrida pelo Palácio do Planalto, em 2010, estimulou o PSB a pensar longe. A legenda colocou no papel planos para atrair PCdoB e PDT a formar uma aliança eleitoral, numa estratégia que pode desidratar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Os socialistas querem investir nessas legendas que compõem o bloco de esquerda no Congresso por entender que elas foram escanteadas nas negociações do PT, que privilegiou o PMDB, como principal aliado. ;Cada vez, há menos dúvida dentro do PSB sobre a candidatura do Ciro;, disse o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF). Para ele, é mais fácil conversar com PCdoB e PDT por haver um canal de comunicação. ;O bloco de esquerda já está no raio de proximidade do PSB;, emendou.
Os planos em cima dos antigos aliados do presidente Lula têm como objetivo fazer o nome de Ciro Gomes dar um passo que Dilma Rousseff ainda não conseguiu: fechar uma importante aliança. O PT quer fazer um amplo acordo que inclua a maioria dos partidos da base aliada, incluindo PSB, PCdoB e PDT, mas dá preferência ao PMDB nas negociações. Os petistas querem anunciar a aliança nacional com os peemedebistas no mês que vem, revelando que o vice de Dilma será um peemedebista. Os dirigentes petistas deixaram de lado as conversas com os parceiros históricos, como os comunistas, confiando que não haverá nenhuma dificuldade nesse acordo.
Até agora, não há movimento de PCdoB ou PDT de insatisfação com o PT a ponto de precipitar uma debandada pré-eleitoral. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, já deu declarações de que tem interesse em fechar o apoio a Dilma. E os comunistas declaram que compreendem a preferência dada ao PMDB. (Tiago Pariz)
Retirada
Mas a estagnação da ministra da Casa Civil nas pesquisas de intenção de voto e a viabilização de uma segunda candidatura da base aliada levam os partidos a se coçarem para embarcar numa empreitada que dá sinais de viabilidade, caso de Ciro Gomes. Por isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalha para retirar o deputado pelo Ceará da jogada, colocando-o na disputa pelo governo de São Paulo, e fazer o PSB apoiar Dilma.
O ex-ministro José Dirceu também declarou que se Ciro Gomes sair candidato, o PT irá romper a aliança nos estados para garantir que a ministra tenha palanque em todas as unidades da Federação. Apesar de o PSB apostar suas fichas em Ciro, Rollemberg ressaltou a força eleitoral da chefe da Casa Civil. ;A Dilma é muito competitiva, a pesquisa é apenas um momento da realidade;, disse o líder do PSB.