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Politica

Marina Maggessi se torna a primeira mulher a comandar a Comissão de Combate ao Crime Organizado da Câmara

A experiência de 20 anos como policial no Rio de Janeiro em cargos de destaque, o conhecimento técnico da área e a postura veemente ao se expressar serão as armas utilizadas por Marina Maggessi (1) para conduzir os trabalhos da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. Primeira mulher a se eleger presidente do colegiado ; historicamente integrado por homens ; e oitava a ocupar a chefia de uma comissão permanente em toda a história da Casa, Maggessi diz não temer hostilidade de nenhum colega. ;Nunca fiquei no papel de vítima. Se você der confiança ao preconceito, ele te engole. E, além disso, tenho uma língua pesada, não deixo barato;, brinca a deputada, ex-inspetora da Polícia Civil carioca.

Prova disso foi a crítica, desferida logo na reunião de posse de Marina, ontem, em relação aos episódios de violência registrados nos últimos dias na Bahia ; com postos policiais, carros oficiais, ônibus e prédios públicos queimados, e ataque a policiais militares. ;Vamos enfrentar esse assunto e quero ver autoridade vir dizer que está tudo resolvido. Com o perdão da palavra, não somos babacas;, destaca Maggessi. Segundo ela, sua atuação como policial se repetirá na condução da Comissão de Segurança Pública. ;Sempre fui pelo lado da resolução de conflitos. Não dá para aguentar essa política do matar e prender, isso nunca deu certo. O Rio está aí, como exemplo. O que acontece é que os pobres foram levados para a margem da cidade e estourou a violência;, afirma a deputada.

Uma atuação mais ligada aos direitos humanos sem perder de vista a responsabilização dos criminosos, segundo Marina, não será difícil. Embora a comissão de Segurança Pública seja formada basicamente por policiais militares e civis, ela enxerga nos colegas perfis muito avançados e desprovidos de conservadorismo. ;Tem gente que nem sabe o que está fazendo ali, vem para as reuniões só para ser tropa de choque do governo. Mas, na maioria, temos pessoas compromissadas e com visões interessantes do que é segurança pública;, ressalta.

Polêmicas
Mesmo para temas espinhosos na área da segurança, a deputada não tem papas na língua. Quanto à redução da maioridade penal, é terminantemente contra. ;Não dá para você querer avaliar a idade mental de um menino da favela, drogado, sem escola. Não dá para olhar para ele e dizer: você tem 17 anos e vai para a cadeia! Não é como filho de bacana, bem estruturado;, explica a deputada. Em outro assunto recheado de controvérsia, a visão da deputada é também polêmica. ;Não defendo a descriminalização das drogas de forma alguma, nem para o usuário. Se hoje, sendo crime, ninguém vai preso, imagine se liberar geral. Quantas mães vão sofrer ainda mais?;, questiona.

O episódio das escutas telefônicas em que Marina foi flagrada sugerindo ao policial civil Hélio Machado, que chegou a ser preso em 2006 por envolvimento com máquinas de caça-níquel, que desse um ;tiro nos cornos; do delegado Alexandre Neto, está totalmente ;superado;, conforme a deputada. Na ocasião, Marina, que ainda não tinha assumido o cargo na Câmara, foi acusada de receber dinheiro do jogo do bicho durante a campanha. ;Ficou provado que houve alterações naquele diálogo. Claro que, ao chegar à imprensa, sofri com aquilo, mas tinha certeza de que tudo ficaria esclarecido;, diz ela.


1 - Extensa biografia
Carioca, jornalista de formação, Marina Maggessi atuou como inspetora na Polícia Civil do Rio de Janeiro por mais de 18 anos, onde conseguiu conquistar o posto de chefe da Coordenadoria de Inteligência. A equipe que dirigiu foi responsável por prisões importantes, como a dos traficantes Elias Maluco, Marcinho VP e Uê.


OS NÚMEROS
20 anos - Tempo de experiência da parlamentar como policial no Rio de Janeiro

18 anos - Idade considerada ideal, por Maggessi, para que uma pessoa seja julgada como adulta

Ouça áudio da entrevista com a deputada Marina Maggessi: