;Temos de continuar pressionando por soluções para a crise do Senado, mas não podemos ser irresponsáveis a ponto de paralisar a Casa e as votações de interesse do país. Essa MP é importante e acho que temos mesmo de votá-la;, defende o tucano Álvaro Dias (PR). O senador afirma, no entanto, que a trégua terá limites, já que a ofensiva pela saída do presidente não irá acabar por conta da votação. ;Se eles (governistas) insistirem em colocar outros assuntos em votação, como as propostas que aumentam os gastos públicos, acho que teremos de reagir e obstruir a pauta. Importante, a curto prazo, é a MP 462;, diz.
Sarney sabe bem que as pressões pela sua saída estão longe do fim, apesar do clima de trégua que os parlamentares ensaiam adotar na Casa nos próximos dias. Ontem, ao tentar mudar a pauta e discursar sobre Euclides da Cunha como se a crise não fosse mesmo com ele, foi interrompido pelo petista Eduardo Suplicy (SP), que cobrou dele o reconhecimento dos erros e o fim do discurso de que não sente culpa de coisa alguma. ;Ora, presidente Sarney. Há ocasiões que, se erros cometemos, é importante reconhecermos. Se Vossa Excelência não se deu conta que alguns procedimentos não foram adequados, seria importante ouvir seus companheiros no Senado sobre algumas coisas que muitos de nós não consideramos o mais adequado e gostaríamos de transmitir isso a Vossa Excelência. O reconhecimento dos próprios erros também é importante;, alfinetou. Sarney entrou na briga e disse que, se o petista tinha algo a reclamar, que fosse específico. E questionou o fato de as reclamações e críticas não terem ocorrido na época das decisões.
Depois do bate-boca, Suplicy falou com o presidente e disse que sua saída do cargo era a melhor solução para a crise que assola o Senado. A saída de Sarney era o tema de um discurso que seria feito pelo petista na tarde de ontem. Mas o líder do PT na Casa, senador Aloizio Mercadante (SP), pediu para que o colega conversasse antes com a bancada.
Prefeitos
Apesar da aparente boa vontade de integrantes da oposição para fazer um gesto que agrade aos prefeitos em ano pré-eleitoral, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), ressalta que ainda há acordos a serem fechados sobre a pauta de votações. ;Este discurso de que todos apoiam a MP de socorro às prefeituras deve ser visto com cautela. Esse é o tipo de assunto que todo mundo mente sobre a disposição de votar. Ninguém quer ser o responsável pela não aprovação desse tipo de matéria. Vamos discutir;, comenta.
1 - IPI
Além do socorro aos municípios, a medida provisória reserva, ainda, o retorno do crédito-prêmio do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A medida beneficiaria empresas exportadoras. Muitas são financiadoras de campanhas eleitorais. Um acordo informal deixou a emenda de fora do texto aprovado na Câmara, com a garantia de que senadores se empenhariam na votação da proposta.