O início desta semana será marcado pela tentativa da base governista de colocar um ponto final na crise que assola o Senado desde o início do ano. A intenção é marcar uma reunião de líderes para amanhã e definir a votação, em plenário e nas comissões, de temas que são consenso na Casa. O problema será convencer a oposição a participar da empreitada. DEM e PSDB prometem reunião solo para decidir o que estão dispostos a votar. De resto, acrescentam, não colaborarão para que os holofotes se voltem para projetos e deixem de lado a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado.
A oposição investirá energia no projeto que pede a extinção do Conselho de Ética do Senado, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Amanhã, o DEM reúne seus integrantes para discutir proposta do líder José Agripino Maia (RN) para que a bancada se retire do colegiado. ;Esta semana não será de definição de pauta. Será a semana de definição do Conselho de Ética. Esse conselho, como existe hoje, é a demonstração escrachada da tratoração da maioria. Não tem ética, não tem apuração;, criticou Agripino Maia. ;O retorno da calmaria ao Senado é imprevisível;, acrescentou o líder, dando mostras de que não está disposto a colaborar com a estratégia da base aliada.
O governo, no entanto, escolherá entre os 46 itens da pauta aqueles que não contarem com resistência. Indicação de autoridades a cargos públicos, por exemplo, será tida como um bom começo. Para dar vazão à teoria de que quer arrefecer os ânimos no plenário, PT e PMDB terão de se entender. Portanto, a semana também será de ajustes para as desgastadas relações entre os líderes Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aloizio Mercadante (PT-SP). Os peemedebistas não ficaram satisfeitos com a atuação de Mercadante durante a crise. Até a permanência do senador paulista no cargo virou alvo de críticas. Mercadante foi tachado de egoísta e de político com o qual não se pode fazer acordos. O petista retruca. E diz empunhar a bandeira história do PT em defesa da ética. Bandeira que tremulava pelo menos quando a legenda estava na oposição.
Armistício
Enquanto a paz não é selada na base, os governistas passarão a usar interlocutores para acertar a pauta de votações. A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) foram escolhidos pelo grupo de Renan para fazer o meio campo entre petistas e os aliados de José Sarney. Ideli e Delcídio se mostraram firmes na defesa do presidente do Senado, seguindo a orientação do Planalto, desde o início da crise e ganharam pontos com a maioria do PMDB. ;Eles assumiram o desgaste e seguraram a onda. Ninguém gosta de quem não tem posição;, disse um dos generais do exército de Sarney.
Mercadante precisará do apoio de Lula para reconstruir relações que admitiu estarem estremecidas em seu discurso na última sexta-feira, quando desistiu de renunciar à liderança petista. O presidente da República atuará dentro da bancada petista a fim de restabelecer a correlação de forças entre os representantes do PT no Senado.