Depois de quase três horas detidos por fazerem manifestação contra a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, dez estudantes foram liberados esta noite pela Polícia Legislativa. O estudante de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) Rodrigo Grassi, 30 anos, afirmou que os detidos "foram ameaçados e intimidados" pelos policiais, que lhes pediram os documentos e só os devolveram depois. "Eles (os policiais legislativos) diziam: "Vocês vão ver como a banda toca. Vamos processar vocês de todas as maneiras.
Os senadores José Nery (PSOL-PA), Cristovam Buarque (PDT-DF), Valter Pereira (PMDB-MT) e Eduardo Suplicy (PT-SP) intercederam pelos estudantes e evitaram que fossem submetidos a interrogatório, segundo Grassi. "Nos ficharam, como na época da ditadura. Outrora, existia a ditadura militar. Hoje, existe ditadura parlamentar, porque não conseguimos entrar no Senado nem para entregar um documento", disse o estudante.
Ele se referia ao episódio de anteontem, quando os dez foram impedidos de entrar no prédio para entregar ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), um manifesto protestando contra o arquivamento de ações que acusavam Sarney de envolvimento em irregularidades. Um estudante e uma estudante menores de idade saíram do Senado acompanhados de seus pais. "Brasília é uma cidade política e não dos políticos, e todo cidadão deve se comportar desta forma. Por isso, eu me congratulo com minha filha", disse o pai da moça.