O vice-presidente da República, José Alencar, viaja nesta terça para Houston, nos Estados Unidos, onde se submete a uma nova etapa de um tratamento experimental com medicamentos para combater o câncer. O médico Paulo Hoff o acompanha. Ele recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, na manhã de hoje e deixou a instituição pouco depois do meio-dia. Alencar estava internado desde o dia 24, quando foi submetido a uma colostomia, cirurgia para a colocação de uma bolsa ligada à parte final do intestino.
Alencar volta ao Brasil amanhã mesmo e passa ao menos três dias em São Paulo, onde tem um apartamento. "Espero que eu não precise voltar ao hospital", disse ao deixar o Sírio-Libanês. Ele mostrou confiança no tratamento experimental que iniciou nos EUA. "Nós estamos esperançosos de que esse medicamento seja eficiente para o nosso caso", afirmou. O vice-presidente concedeu uma breve entrevista, apressada por seus médicos e seguranças. Ao deixar o prédio, andando, sorriu e cumprimentou as pessoas que estavam na recepção do hospital e seus médicos, Paulo Hoff, Roberto Kalil Filho, Ademar Lopes e Raul Cutait.
Alencar agradeceu o apoio que recebeu durante o período de internação. "Meu sentimento é de gratidão a Deus e às pessoas que tem feito uma verdadeira corrente por mim", declarou. "Nem sei se eu mereço. Se eu fizer alguma coisa na minha vida que possa ao menos dar uma demonstração de reconhecimento disso, já ficarei satisfeito." Alencar só lamentou o fato de ainda não poder comer seu petisco favorito, torresmo. "Do que eu gosto é torresmo, mas não posso ainda", brincou. Essa foi a 15ª cirurgia a que o vice-presidente se submeteu desde 1997, quando iniciou sua luta contra o câncer.
O cirurgião Raul Cutait disse que a recuperação de Alencar foi melhor do que se esperava. "O vice-presidente saiu muito bem depois de um mês de luta intensa contra suas obstruções intestinais", afirmou Cutait. Ele destacou a disposição de Alencar em retomar o tratamento nos EUA tão rapidamente. "Ele se sente à vontade para viajar em um dia e voltar no outro, coisa que muita gente não aceita", ressaltou
Senado
O vice-presidente não quis dar conselhos ao presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP), protagonista da crise que envolve a Casa. Segundo ele, Sarney tem todas as condições de decidir se deve ou não deixar o cargo. "Como se diz em Minas Gerais, se conselho fosse bom, ninguém dava. Vendia e cobrava caro." Alencar disse considerar "lastimável" o que está ocorrendo no Senado. "Nós precisamos fortalecer a democracia e o fortalecimento da democracia passa pelo respeito às Casas Legislativas", limitou-se a dizer, sem entrar na polêmica que envolve a censura ao jornal O Estado de S. Paulo.
Uma liminar do desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), proibiu o jornal e o portal Estadão de publicar reportagens com informações da Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica. O recurso judicial foi apresentado pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado.