O grupo de "caça-fantasmas" criado no Senado para identificar quem trabalha ou não na Casa passou a quinta-feira procurando a funcionária Adriana Corrêa Fernandes. Ela figura na lista dos chamados 36 servidores terceirizados e "desaparecidos", isto é, recebem normalmente o salário, mas ninguém sabe se dão expediente nem o local onde estariam.
A funcionária já era dada como "desaparecida" no período em que a terceirização era feita pela Ipanema Serviços Gerais Ltda. Em abril, a empresa acusada pelo Ministério Público de superfaturamento, conforme apuração da Polícia Federal na Operação Mão de Obra, foi substituída pela Plansul Planejamento e Consultoria Ltda.
Esperava-se que a promessa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de moralizar a administração da Casa, resultasse no fim dos terceirizados desaparecidos. Mas não foi o que ocorreu. E Adriana Corrêa Fernandes foi recontratada pela Plansul, empresa vencedora do contrato de R$ 23 milhões ao ano, para empregar um conjunto de 337 profissionais de comunicação.
Os "caça-fantasmas" realizaram uma verdadeira romaria para localizá-la. Começaram pela gráfica do Senado, mas a busca foi infrutífera. O resultado na Interlegis, na Secretaria de Relações Públicas, no jornal, na rádio e na TV Senado, no Instituto Legislativo Brasileiro e no Núcleo de Criação da Secretaria de Comunicação foi o mesmo.
Ela nunca passou pela porta de nenhum desses órgãos. Por fim, os "caça-fantasmas" resolveram ligar para sua casa, onde a mãe informou que ela nem mesmo mora em Brasília. O objetivo agora é identificar quem é o "padrinho" da fantasma e determinar medidas para ressarcir os cofres públicos. Além de identificar quem trabalha, estão sendo revistos os 32 contratos de terceirização.