Jornal Correio Braziliense

Politica

Apesar da declaração de Lula sobre Sarney, aliados rejeitam a tese de renúncia

A declaração do presidente Lula ; ;o Senado não é problema meu; ; foi recebida pelos peemedebistas como uma satisfação ao público externo e não mexeu na intenção do PMDB de partir para o ataque direto sobre os tucanos e lutar para tentar preservar o presidente do Senado, José Sarney, inclusive com o arquivamento dos pedidos de representação no Conselho de Ética. [SAIBAMAIS] A ordem do líder do Renan Calheiros (PMDB-AL) é manter a declaração de guerra, inclusive sob o ponto de vista eleitoral e não entrar em qualquer discussão sobre o afastamento ou renúncia de Sarney. Até porque, na avaliação do PMDB, se essa hipótese for levantada, a operação salvamento, que hoje não está fechada, seria abandonada. E sem saída honrosa para uma pessoa com uma história de Sarney não dá para ficar, embora a oposição tenha gostado da menção ao nome do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), tio do governador de Minas, Aécio Neves, para o lugar de Sarney. O próprio Renan, quando enfrentou vários processos de cassação, resistiu ao máximo e só aceitou renunciar à Presidência do Senado quando obteve a certeza da absolvição, já que podia à época seguir todos os processos no cargo (leia mais nesta página). Enquanto tiver a maioria do PMDB, do PTB, do PT, dos demais partidos aliados ao governo, e do presidente Lula, Sarney ficará. Nos bastidores, o PMDB continua recebendo sinais de apoio do presidente e de seus aliados. Afinal, o governo sabe que tem uma CPI da Petrobras e uma série de votações importantes pela frente que podem comprometer o caixa do governo se o PMDB se sentir abandonado por Lula. Os petistas próximos a Lula têm dito que se o PT for inteligente aproveitará representações do PSDB contra Sarney como forma de colar o PMDB no governo e na candidatura de Dilma Rousseff em 2010. Dificuldades Só que, nos bastidores do Senado, as coisas não são tão simples assim. Até o momento, o único sinal de união entre PMDB e PT em defesa de Sarney foi a eleição do senador Paulo Duque (PMDB-RJ) para a Presidência do Conselho de Ética. A última demonstração de apoio petista direta veio de Nova York, do líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, não dos senadores. Dirceu desembarca em Brasília neste fim de semana para, nos bastidores, trabalhar no sentido de preservar o presidente do Senado. Em seu blog, Dirceu voltou ontem a atacar a imprensa e dizer que há uma perseguição contra Sarney porque ele apoia Lula e estará ao lado da ministra Dilma Rousseff na sucessão presidencial. Enquanto Dirceu trata da política, os senadores peemedebistas vão trabalhar no Conselho de Ética. É lá e no plenário do Senado que vão ocorrer as batalhas campais entre PMDB e PSDB. ESTRATÉGIAS A partir deste fim de semana, os senadores governistas voltam a campo para sondar as perspectivas do presidente do Senado, José Sarney. Na segunda-feira, será a hora de auscultar o governo. Na terça-feira, todos os partidos terão reuniões de avaliação ; PT, PTB, PMDB, PSB, PR, PSDB, DEM. Só então é que será traçado o plano de ação. Antes dessas avaliações, a briga continua como de foice no escuro. Só depois de analisar a força de cada um é que será tomada alguma atitude. <--
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--> Memória Semelhanças com Renan <--

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--> <-- --> O corredor polonês que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), enfrenta hoje guarda algumas semelhanças com aquele que Renan Calheiros (PMDB-AL) atravessou em 2007, quando exercia o mesmo cargo. Até o número de representações é idêntico: cinco. Quatro feitas pelo PSol e uma por PSDB e DEM ; a que pedia que se investigasse o uso de laranjas na compra de estações de rádio em (Alagoas). A primeira, o fato de ter a pensão de uma filha paga por intermédio de um funcionário da Mendes Júnior, resultou num parecer pela sua cassação, redigido pelos senadores Marisa Serrano (PSDB-MT) e Renato Casagrande (PSB-ES). O relatório foi aprovado pelo Conselho de Ética por 11 a 4 e derrubado no plenário com o voto de 40 senadores ; 35 optaram pela cassação e houve seis abstenções. Naquela época, Renan não contou com o apoio do PT, que apostou o tempo todo na licença de Renan para que a Presidência ficasse nas mãos de senador Tião Viana (PT-AC), primeiro-vice-presidente. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) chegou a defender publicamente a cassação do mandato do colega alagoano. Sem grandes apoios dentro do PT, Renan trabalhou os votos a conta-gotas nos partidos do governo e na oposição, se manteve na Presidência o quanto pode ; agora há a obrigatoriedade de afastamento se a representação for acolhida pelo conselho. Renan só se licenciou em outubro, quando representações começaram a chegar ao Conselho de Ética, e renunciou à Presidência em 4 de dezembro. Renan terminou absolvido por 48 votos a 29 e três abstenções.