A cúpula do PSB trabalha pela viabilidade da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) na disputa ao governo de São Paulo, apostando num cenário sem muitos obstáculos, apesar de a direção do PT estadual ainda demonstrar desconforto com a possibilidade.
O PSB avalia que o PT paulista não terá outra opção senão aceitar Ciro por não ter um nome viável na disputa e para não ir na contramão dos interesses do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo. O presidente é o principal entusiasta da candidatura do deputado pelo Ceará por considerá-lo eleitoralmente forte e um nome que se contrapõe ao do governador de São Paulo, José Serra.
Em conversas reservadas, os socialistas lembram que o principal nome petista, hoje, seria o do prefeito de Osasco, Emídio de Souza. Os outros pré-candidatos são o deputado federal Antônio Palocci e o ministro da Educação, Fernando Haddad. Emídio larga na frente por ser uma opção nova ao eleitorado. O prefeito é defensor da candidatura própria, mas sustenta não haver qualquer interesse da direção estadual em peitar o presidente Lula.
O PSB não está tratando a solução da candidatura em São Paulo como urgente. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da legenda, acredita que a questão estará resolvida até setembro. O PDT, aliado dos socialistas e defensor da candidatura Ciro Gomes, aposta que o martelo estará batido antes disso, provavelmente nas próximas duas semanas.
Por enquanto, os termos da aliança são tratados somente pela direção estadual. O presidente do PSB paulista, deputado Márcio França, afirmou que 80% dos petistas no estado são favoráveis à Ciro Gomes. Eduardo Gomes disse que, por enquanto, ainda não discutiu o tema nacionalmente. Ele acredita que terá pouco trabalho na consolidação dessa aliança. Campos aposta que, quando a aliança chegar às suas mãos, estará complemente azeitada, graças à pressão de Lula em cima do partido.
O PSB está levando adiante a discussão sobre Ciro Gomes por entender que facilitaria os acordos em outros estados e desataria nós na aliança em torno da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para a Presidência da República. ;Essa é uma solução que é boa para todo mundo. Boa para o Lula, boa para o PSB e boa até para o PT. Eles vão entender isso ainda;, disse um dirigente nacional socialista.
Para o presidente do partido, Ciro Gomes é um nome que pode disputar qualquer cargo nacional. ;Ele pode ser candidato a governo, à Presidência, é um nome muito qualificado;, disse Eduardo Campos. O PSB espera por uma reunião com Lula nas primeiras semanas de agosto a fim de discutir o cenário de São Paulo e fazer as bases para a aliança nacional. O prazo de setembro foi dado por Campos. Ele já determinou a todos os diretórios estaduais que lhe encaminhem as possibilidades de candidaturas aos governos e ao Senado.
Pesquisa
Enquadrado por Lula, o grupo paulista do PT aceita discutir a candidatura e a aliança com Ciro Gomes. Só estabeleceu como ponto de partida uma pesquisa de opinião para saber qual candidato teria melhores condições de disputar o governo. Na lista, seriam apresentados os nomes dos três petistas pré-candidatos e mais o do deputado socialista. Numa pesquisa de consumo interno do PSB, os socialistas dizem que o deputado cearense alcançaria 20% das intenções de voto, num cenário que teria como candidato tucano o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
DIRETÓRIO ESTADUAL
O presidente do diretório estadual de São Paulo, Edinho Silva, foi enquadrado pelo dirigente nacional, Ricardo Berzoini, empenhado em fechar os palanques para a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. A resistência a Ciro Gomes é mais forte na esquerda do PT, que coloca o PSB como um aliado do governador José Serra. Na avaliação desse grupo, a candidatura do deputado não se contraporia ao do tucano e enfraqueceria o PT.
<--
--> <--
--> <-- --> <--
--> <-- --> <--
--> <--
--> <--
-->