A articulação do PT nacional pela candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ao governo paulista ainda não passou pelo próprio PSB. A afirmação é da deputada federal e ex-prefeita paulistana Luiza Erundina (PSB-SP). Principal estrela dos socialistas no Estado, ela afirma que as Executivas Nacional e Estadual da sigla não discutiram formalmente a hipótese de migração política do ex-governador cearense para o Estado. "O último debate que fizemos foi sobre lançar o Ciro para presidente. Nunca fui consultada sobre ele concorrer ao governo paulista. Essa proposta também não passou pela Executiva Nacional", diz.
[SAIBAMAIS]
Luiza Erundina é da Executiva Nacional do PSB e foi eleita prefeita da capital pelo PT em 1988. Ela própria aparece com dois dígitos nas pesquisas de opinião para o Palácio dos Bandeirantes - seu nome conta com até 10% das intenções de voto, dependendo do cenário. "Fiquei sabendo (do movimento pela candidatura de Ciro Gomes em São Paulo) pela mídia. Deu a impressão de ser mais um balão de ensaio, como foi o Paulo Skaf (presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - Fiesp). A candidatura do Ciro em São Paulo não partiu de nenhuma instância partidária. Cheguei a perguntar para ele no plenário se era verdade. Ele respondeu que não", afirma.
A ex-prefeita afirma, porém, que não pretende se apresentar como pré-candidata ao governo em 2010. E que, se o nome de Ciro for confirmado pelo PSB, fará campanha ao seu lado. "O eleitor não entenderia, por exemplo, uma candidatura do Paulo Skaf pelo PSB em São Paulo. O partido precisa de coerência. Já o Ciro sustenta um bom debate. Vou trabalhar por ele, mesmo achando que seu nome é mais viável como candidato a presidente. Está na hora do PSB decolar, mesmo sem um cálculo seguro."
Presidente do PSB paulista e um dos articuladores da candidatura de Ciro, o deputado Márcio França (SP) nega que as instâncias partidárias tenham sido ignoradas na negociação. "Isso ainda não passou pelo partido porque não há nada de concreto. Por enquanto ainda estamos no campo das especulações", afirma França. Ele destaca que a direção partidária teve o cuidado de consultar Erundina para saber se ela se interessaria pela vaga e teve resposta negativa. "Não dá para ficar pensando em que faculdade o filho vai estudar sem antes fazer o filho", conclui.
Interlocutor
O interlocutor do partido nesse caso tem sido o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). "A alternativa de lançar Ciro em São Paulo nasceu de forma inusitada. Ele sempre foi uma alternativa nacional do bloco de esquerda para presidente ou vice de Dilma. Aqui no Estado o maior obstáculo não está no bloco de esquerda, mas no próprio PT", diz Nádia.