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Garibaldi, do PMDB, já defende que Sarney se licencie

Após a divulgação de gravações de diálogos que comprovam a atuação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), na edição de atos secretos na Casa favorecendo integrantes de sua família, ele começa a perder apoio entre os senadores de seu partido. Em entrevista à Agência Estado, o ex-presidente do Senado Garibaldi Alves Filho (RN), do PMDB, afirmou agora à tarde que apresentará, na próxima reunião da legenda, proposta para que Sarney se licencie da presidência para se defender das denúncias. A próxima reunião do PMDB poderá ocorrer a partir da primeira semana de agosto, com o fim do período de recesso do Congresso. Até o momento, PT, DEM, PSDB e PDT pediram que Sarney se licencie da presidência. No PMDB, apenas os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) - conhecidos por suas posições independentes dentro do partido - não apoiaram Sarney quando a crise estourou no Senado. Depois de Jarbas e Simon, Garibaldi Alves é o primeiro senador do PMDB a repensar o apoio à permanência de Sarney no comando do Parlamento. Mais recentemente, Simon passou a defender a renúncia de Sarney do cargo. A avaliação de Garibaldi Alves, que foi presidente do Senado entre dezembro de 2007 e janeiro de 2009, é de que "a situação do Senado voltou a se agravar" com as novas denúncias envolvendo Sarney em nepotismo e na edição de atos secretos. "Não tenho intenção de me confrontar com o Sarney, apesar de não ser do grupo dele, mas esta situação está ficando muito angustiante diante da opinião pública", disse Garibaldi. Ele ainda conversará com senadores do partido antes de assumir ou não uma postura independente. "O melhor seria articular dentro da bancada uma posição única, sem que cada um defenda uma coisa. Mas a bancada é muito resistente a qualquer medida que represente a diminuição do Sarney. Quem sabe agora com as novas denúncias a situação pode ter mudado", disse o ex-presidente. Na avaliação dele, a situação do Senado é "delicada", pois não haveria outro senador capaz de reunir apoio suficiente no governo e na oposição para assumir a presidência do Senado no caso de Sarney se afastar do cargo. "Não é que não exista outro nome de consenso dentro do PMDB. Não existe outro nome dentro do Senado todo", afirmou Garibaldi. Gravações feitas pela Polícia Federal com autorização judicial e divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo mostram diálogos em que o filho de Sarney Fernando Sarney negocia com o pai a nomeação de Henrique Dias Bernardes, namorado de sua filha Maria Izabel, para um cargo no Senado. Dias depois, o neto de José Sarney seria nomeado por ato secreto. Garibaldi afirma que a nomeação ocorreu sem seu conhecimento e que a notícia o pegou de surpresa, pois nunca foi informado da intenção de José Sarney de contratar o namorado da neta. "Nas conversas, Fernando Sarney até cogita a ideia de me procurar, mas depois diz que procurou o Agaciel e descarta a possibilidade de falar comigo. Fiquei totalmente fora disso. Agora, já não me cabe fazer nada. Vamos esperar que o Ministério Público investigue isso." O "Agaciel" mencionado por Garibaldi é Agaciel Maia, apontado como um dos responsáveis por atos secretos quando exercia o cargo de diretor-geral do Senado. Esses atos secretos serviam para nomeações e contratações sem concurso e para concessão de privilégios a determinadores servidores.