Enquanto a ministra Dilma Rousseff, provável candidata do PT à sucessão de Lula, conta pelo menos três possíveis palanques no Rio, o PSDB amarga a ausência absoluta de um nome viável para apresentar o candidato tucano à Presidência no terceiro maior colégio eleitoral do País. Diante da relutância do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) em se candidatar ao governo estadual, o PSDB fluminense busca um plano B. Deve sacrificar um candidato próprio para estruturar a campanha de José Serra ou Aécio Neves no Estado e fazer frente à aliança entre Lula e o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Fenômeno da eleição do ano passado, quando perdeu a prefeitura do Rio para Eduardo Paes (PMDB) por menos de 2% dos votos, Gabeira é o candidato dos sonhos dos tucanos. Aparece em segundo lugar, logo atrás de Cabral, nas pesquisas. "Estamos todos pendurados no Gabeira", admite um dos tucanos que o assediam. No entanto, o verde indica que prefere o Senado, onde poderia se destacar como introdutor de temas modernizantes após o mar de lama atual.
Tucanos têm gastado saliva em jantares e encontros com Gabeira, mas a pedra no sapato deles é o vereador Alfredo Sirkis, presidente do PV do Rio. Com base em pesquisas contratadas pelo partido, ele avalia que seria muito difícil bater a reeleição de Cabral, principalmente fora da capital. Gabeira ficaria sem mandato, desperdiçando uma eleição quase certa para o Senado. As sondagens o posicionam ao lado do senador Marcelo Crivella (PRB) para as duas vagas. Além disso, aos 68 anos, o verde não tem perfil para o governo estadual e ganhou telhado de vidro ao admitir deslizes no escândalo das passagens aéreas.
O último revés foi a decisão da Executiva Nacional do PV, no início do mês, de lançar candidato à Presidência em 2010 para marcar o discurso ambiental. Com isso, Gabeira só seria exclusivo dos tucanos no segundo turno. Embora ainda esperem do verde, que se diz indeciso, uma definição até setembro, os tucanos partiram em busca de alternativa.