São Paulo %u2013 A equipe médica que trata do vice-presidente José Alencar no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, atestou ontem por meio de exames clínicos que um tumor cancerígeno voltou a obstruir uma das alças do intestino delgado. Até hoje, será decidido se ele será submetido a nova cirurgia. A decisão é delicada e será tomada em conjunto entre o paciente, os médicos e a família de Alencar. O procedimento seria de alto risco por conta do número de operações que ele já fez (14), pelo fato de ter idade avançada (77 anos), porque ainda se recupera de outra operação e principalmente porque a doença avança.
O único boletim médico divulgado ontem pela direção do hospital diz que %u201CAlencar apresentou alterações clínicas e de exames de imagens e laboratoriais, sugestivos de obstrução parcial%u201D. Segundo os médicos, que evitaram dar mais detalhes sobre as complicações, o paciente segue internado e continuará em observação. Ele ainda se recupera da cirurgia a que foi submetido há nove dias, pela qual foram desobstruídas três alças intestinais e retirados 10 tumores. Outros oito permaneceram na região do abdome. Ontem, a ministra Dilma Rousseff (1)fez uma visita ao vice-presidente.
O oncologista Ademar Lopes, que faz parte da equipe que deverá operar Alencar, disse que vai tentar desobstruir o intestino do paciente com medicações, mas, se em até 48 horas não houver resultado, a cirurgia será a única solução. %u201CHá uma possibilidade de a obstrução ter sido causada por uma aderência%u201D, diz o médico. Ele disse que o paciente tem a seu favor o quadro clínico, que é estável.
Alencar luta pela vida há 11 anos, desde que descobriu num exame de rotina os primeiros tumores malignos. Já retirou o rim direito, a próstata e dois terços do estômago e dos intestinos grosso e delgado, além de ter reconstruído o ureter, canal que liga o rim à bexiga. Hoje, o vice-presidente luta contra um sarcoma, tipo de câncer devastador que destrói os nervos e os tecidos gordurosos.
Demonstrando altivez, Alencar conversou ontem abertamente com os médicos e com familiares sobre as alternativas para esse novo quadro. Disse ter ciência de que corre risco de morrer durante nova operação. Para as demais cirurgias, o paciente teve que assinar um documento autorizando todos os procedimentos necessários e certificando-se dos riscos.
O vice-presidente havia pedido para os médicos para ter alta ontem. Ele pensava em voltar a visitar os médicos do Centro Oncológico MD Anderson, em Houston, nos Estados Unidos, onde faz tratamento alternativo com drogas novas ainda não aprovadas pela ciência, ao lado de outros 30 pacientes com câncer em estado avançado.
1 - APOIO E EXAMES
Um outro boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês informa que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, realizou exames de rotina cujos resultados se mostraram dentro da normalidade. Em abril, a ministra iniciou tratamento contra um câncer linfático. As sessões de quimioterapia acabaram em junho. Segundo a assessoria de imprensa da Casa Civil, a ministra também visitou o vice-presidente José Alencar.