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Aliados de Sarney vão usar regimento do Conselho para enterrar denúncias

Apesar da ofensiva da oposição contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, a expectativa é que o colegiado arquive as denúncias. Interlocutores de Sarney pretendem usar o regimento do conselho para enterrar as acusações. De acordo com as normas internas do colegiado, as denúncias devem ser arquivadas quando os "fatos relatados forem referentes ao período anterior ao mandato". [SAIBAMAIS]

As três denúncias entregues ao conselho contra o peemedebista têm como foco fatos que ocorreram antes de Sarney ser reeleito em 2006. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), entregou duas reclamações contra o presidente do Senado. Na primeira, responsabiliza Sarney pelos atos secretos por ter indicado em 1995 o ex-diretor-geral Agaciel Maia para o cargo. A outra diz que Sarney interferiu no Ministério da Cultura a favor da fundação que leva seu nome em 2005. Época dos fatos.

Para os aliados de Sarney, as denúncias deveriam ter sido analisadas na época dos fatos. Os interlocutores reconhecem, no entanto, que a representação do PSOL pode complicar a vida do peemedebista porque eles o acusam de ter quebrado o decoro ao utilizar os atos secretos para nomear e exonerar parentes.

De acordo com o PSOL, 15 pessoas ligadas diretamente ao presidente do Senado teriam sido beneficiadas com os atos, entre eles, o que nomeou seu neto João Fernando Sarney para o gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O partido afirma que Sarney tem sido omisso diante da crise que atinge a imagem da intuição. "Sarney nada fez até o momento, se restringido a discursar sobre o problema afirmando ser uma questão institucional. Não anulou os atos, não tomou medidas saneadoras, deixando de preservar o Senado, bem como a integridade pública", afirma a representação. Análise.

O Conselho de Ética do Senado estava sem funcionar desde março --por falta de indicação dos integrantes por líderes partidários--, mas pode ser reativado na próxima semana. Com o enfraquecimento das cobranças de afastamento de Sarney, os aliados do peemedebista liberaram a recomposição do colegiado. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), indicou quatro senadores próximos que são considerados da sua tropa de choque.

A reportagem apurou que os aliados de Sarney querem acelerar a análise de uma denúncia e uma representação contra o peemedebista por quebra de decoro parlamentar que já estão na fila do Conselho de Ética e arquivar as acusações. A reativação do colegiado também favorece a estratégia dos senadores ligados ao presidente da Casa de intimidar opositores que insistirem em desgastar sua imagem. Eles também seriam levados ao colegiado.