Jornal Correio Braziliense

Politica

Crise no Senado abre espaço para Temer criar ambiente privilegiado com o Executivo

Com o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, a um passo de ser transferido para o Tribunal de Contas da União (TCU) e o PMDB do Senado jogando toda a energia na crise que toma conta da Casa, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), alçou voo alto na relação institucional com o governo. Ao lado do líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN), ele é classificado como um dos principais interlocutores perante o presidente da República, ocupando um espaço que até então era privilégio dos senadores, em especial José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Agora, são a esses dois deputados que os parlamentares procuram na hora de pedir ajuda para resolver problemas no Poder Executivo. Temer, que há um ano dificilmente era recebido pelo presidente Lula, atualmente recebe apelos de todos os lados para ajudar a distensionar o clima no Senado. O primeiro conselho que deu a Sarney foi retomar as votações, medida que, no caso da Câmara, funcionou. Michel Temer iniciou o semestre num clima de tensão semelhante ao do Senado. Nos idos de março, tinha a pauta entulhada de medidas provisórias. No quesito administrativo, repassou tudo rapidamente às esferas competentes e passou a organizar a parte política e as votações em plenário. No fim de março, anunciou uma fórmula para deixar as MPs de lado e os deputados mais felizes, com a interpretação de que projetos de emenda à Constituição, leis complementares e códigos teriam prioridade de votação sobre as MPs. A medida permitiu colocar em pauta projetos de interesse dos políticos, inclusive da oposição. O resultado político foi imediato. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), que no início do ano vivia em obstrução, fez de tudo para fazer a Casa votar e conseguiu aprovar seu projeto sobre a rastreabilidade do gado, proposta do interesse de seus eleitores na área rural. Ontem, chegou a ponto de Caiado agradecer ao presidente pelo semestre produtivo. Assento nas reuniões No quesito Planalto, Temer, embora prestigiado, toma cuidados para não melindrar os senadores. Há cerca de um mês, foi se encontrar com o presidente Lula e, pela primeira vez, com uma licença para representar também o Senado. Ali, Lula lhe informou que iria colocar o PMDB no chamado ;núcleo duro; de poder, com assento nas reuniões de coordenação. O presidente informou que estava pensando em chamar seu ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, que é deputado. Temer, então, sugeriu que, além de Geddel, o grupo incluísse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, senador indicado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Temer não divide o jogo e o espaço apenas por questão de justiça. O que mais vale ali é a vontade de ter os senadores ao lado na hora de definir em que campo o PMDB jogará nas eleições de 2010. Hoje, ele está mais próximo do PT de Lula do que do PSDB de José Serra e Aécio Neves. E não vai querer os senadores vetando sua participação como candidato a vice na chapa da ministra da Casa Civil , Dilma Rousseff. Antes de chegar a esse ponto, no entanto, Temer quer mostrar serviço. Na noite de quarta-feira, por exemplo, no intervalo das votações, disse ao Correio que, só em plenário, foram votados 93 projetos esse semestre. Isso sem contar a centena que saiu das comissões técnicas da Casa direto para o Senado. Até aqui está dando tudo certo para ele. Não é à toa que, nos últimos tempos, Temer tem sido só sorrisos. 1- MEDIADOR DE AUDIÊNCIAS Atualmente, o coordenador político do governo tem a função de repassar os pedidos de emendas de deputados e senadores para os ministérios competentes e ajudar determinados parlamentares a conseguirem ser recebidos em audiências por ministros de Estado. Pode parecer pouco, mas quando o pedido é feito ou encaminhado por alguém com prestígio, a resposta, ainda que negativa, sai muito mais rápido do que para quem espera pelos caminhos tradicionais. <--
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