Jornal Correio Braziliense

Politica

Era digital não reduz gastos do Senado com serviços postais

Os parlamentares recorrem cada vez mais às ferramentas tecnológicas como meio de chegar aos eleitores. Mantêm na internet páginas pessoais, blogs, Twitter. A era digital, no entanto, não foi capaz de reduzir os gastos do Senado com serviços postais. Os pagamentos à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) seguem hoje no mesmo ritmo de três, quatro anos atrás. No primeiro semestre deste ano, a Casa transferiu à ECT R$ 6,5 milhões ; 68% do que foi gasto em 2008. Até agora, o mês de janeiro foi o que registrou, em 2009, a fatura mais alta: R$ 2,6 milhões, uma decorrência das correspondências postadas no fim do ano passado. Desde 2007, período que engloba a atual legislatura, a ECT recebeu do Senado cerca R$ 25,3 milhões. Se descontadas as férias dos congressistas, a média mensal supera R$ 1 milhão por mês. O Correio levantou as informações entre os dados da execução orçamentária do Senado. O desembolso com os serviços postais neste ano é três vezes mais do que se gastou, por exemplo, com passagens áreas internacionais de senadores e servidores (R$ 1,8 milhões), despesas que devem ser auditadas pela Primeira-Secretaria, comandada por Heráclito Fortes (DEM-PI). Cada senador tem direito a uma cota postal que, somada as despesas com telefone, chega a R$ 4,2 mil mensais ; ou R$ 50,4 mil anuais (leia mais ao lado). Além dos 81 parlamentares, a Casa também gasta com envio de correspondências. Os dados da execução orçamentária, no entanto, trazem apenas os valores das notas fiscais, sem discriminar a que serviços se referem. Existe no Senado uma agência da ECT, instalada na área onde funciona a Gráfica. Os serviços postais são responsabilidade da Coordenação de Atividades Externas (Coatex), subordinada à Diretoria-Geral. A assessoria do atual diretor, Haroldo Feitosa Tarja, enviou fax à reportagem confirmando os dados. A direção dos Correios e Telégrafos também foi procurada, mas informou que a estatal não se manifestaria sobre a matéria por envolver contratos mantidos pela empresa com terceiros. Em abril passado, em meio à primeira onda de escândalos que tomou conta do Senado, o Correio publicou reportagem sobre irregularidades no uso da franquia destinada aos senadores. O caso envolvia um servidor comissionado e então lotado na Liderança do PTB do Senado. Ele teria usado o benefício para remeter uma publicação para promoção pessoal. A suspeita foi denunciada ao corregedor da Casa, Romeu Tuma (SP), representante do PTB. Tuma pretendia transferir à esfera administrativa o caso por entender que a denúncia não envolvia parlamentares. PARADEIRO Desde o ano passado, o Ministério Público Federal investiga a farra do selo na Câmara, depois do desvio de 8.550 estampas, no valor de R$ 6,5 mil. Do total extraviado, 3.500 selos saíram do gabinete de uma deputada irregularmente. Eram destinados ao ex-deputado Lino Rossi, que na época estava licenciado da Câmara. Os procuradores tentam saber o paradeiro de outros 5.500 selos que, segundo um funcionário disse ao MPF, foram retirados sem o conhecimento da parlamentar. O caso é apurado com o desvio de cotas de passagens aéreas, onde Rossi também figura como principal envolvido. <--
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--> Gastos postais <--

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--> <-- --> As ordens de pagamento do Senado em que aparece como beneficiária a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) somam, na atual legislatura, R$ 25,3 milhões: Ano - Em R$ 2005 - 8.485.767,96 2006 - 9.511.195,20 2007 - 9.287.566,41 2008 - 9.549.276,41 2009* - 6.513.154,95 (*) Até junho Fonte: Execução Orçamentária <--
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--> 15 mil de auxílio <--

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--> <-- --> A cota postal e telefônica é apenas um dos auxílios pagos aos senadores. Existe também a verba indenizatória de R$ 15 mil mensais para a promoção do mandato. Eles podem usá-la com a montagem de escritório político em suas bases eleitorais, material de expediente, contratação de assessorias e para encher o tanque dos carro. O dinheiro é reembolsado após a apresentação dos comprovantes de pagamento pelo parlamentar. Dentro de um mesmo ano, os valores são cumuláveis. Os integrantes do Senado podem, ainda, contratar seis assessores técnicos, com remuneração de até R$ 9 mil, e seis assessores parlamentares, pelo salário de até R$ 6,9 mil. Isso totaliza um gasto mensal de mais de R$ 95 mil e de R$ 1,2 milhão por ano. Os contratados podem trabalhar para o senador em Brasília ou no estado. Esses auxiliares podem receber horas extras e outros adicionais. Cada parlamentar recebe 15 vencimentos por ano, incluindo 13; salário e outros dois de mesmo valor relativos à ajuda de custo distribuídos no início e no fim de cada legislatura. Aqueles que não ocupam imóveis funcionais do Senado recebem auxílio-moradia de R$ 3 mil por mês. Todos eles têm direito a passagens para ir e voltar toda semana a seus estados.