A bancada do PT no Senado decidiu hoje manter a posição anunciada na semana passada: não apoiará o presidente da Casa, José Sarney, mas também não o abandonará. Em nota aprovada durante reunião que terminou no meio da tarde, os senadores petistas comentam que, durante toda a discussão sobre a crise no Senado, sugeriram que, "num gesto de grandeza e de garantia à credibilidade das investigações", Sarney se licenciasse temporariamente do cargo. Admitem, no entanto, que a licença é uma decisão a ser tomada somente pelo senador.
Apesar dos apelos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para que o PT declarasse apoio a Sarney, os senadores do partido não recuaram, mas tentaram encontrar uma saída honrosa para a saia-justa. Em nota divulgada após a reunião, os senadores petistas defendem uma "reforma profunda" para corrigir as distorções na administração do Senado e a criação de uma comissão suprapartidária para debater mudanças na Casa - alvo de uma sequência de denúncias de irregularidades - por meio de uma lei de responsabilidade administrativa e financeira, a partir de um projeto da bancada. Esse projeto vem sendo discutido pelo PT, sob a coordenação do senador Tião Viana (AC).
A bancada de senadores petistas propôs, ainda, a redução progressiva de até 60% do teto com despesas relativas a pessoal e sugeriu a extinção do Instituto Legislativo Brasileiro (Interlegis) e da Universidade do Legislativo Brasileiro (Unilegis), organismos do Senado, além de um enxugamento do serviço de atendimento médico da Casa. Da lista de propostas apresentadas pelos senadores do PT constam ainda a extinção do pagamento de adicional salarial a funcionários participantes de Conselhos ou comissões especiais do Congresso, além da redistribuição das atribuições da Primeira Secretaria do Senado, que funciona como uma espécie de prefeitura da Casa, entre os demais integrantes da Mesa Diretora.
O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), afirmou que o partido nunca mudou de posição em relação às denúncias de irregularidades na Casa e a situação de Sarney na presidência: "Formalizamos por escrito o que já dissemos várias vezes: a posição da bancada é pelo afastamento temporário do presidente do Senado, mas esta é uma decisão que cabe única e exclusivamente a ele.
A nota dos senadores destaca ainda que é preciso ampliar as investigações no Senado, identificando "todos os possíveis responsáveis" pelas irregularidades. Na opinião dos senadores, porém, o Tribunal de Contas da União (TCU), o Ministério Público e a Polícia Federal e a Mesa Diretora do Senado já estão tomando diversas medidas para superar a crise.