O grupo suprapartidário de senadores que defendia o afastamento do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mudou de estratégia e resolveu abandonar os ataques pessoais ao peemedebista. A nova ofensiva quer ampliar o envolvimento do Ministério Público na apuração de denúncias de irregularidades na Casa.
[SAIBAMAIS]
Os senadores vão elaborar uma representação pedindo que os procuradores aprofundem as investigações sobre a edição de atos secretos e contratos terceirizados. O alvo do pedido não vai ser direcionado a Sarney. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), negou que seja um recuo na pressão contra o presidente do Senado e disse que é preciso partir para o lado prático das medidas anticrise.
"Há uma disposição dos senadores dos diversos partidos em superar essa crise apurando o que há de errado e responsabilizando os que erraram. Por isso a representação é o instrumento mais forte que nos podemos utilizar; é uma representação ao MP que vai instaurar os procedimentos para investigação judiciária e conseqüente responsabilização civil e criminal dos eventuais envolvidos. Nós não temos outra atitude mais forte do que essa", disse.
Os senadores vão procurar presidentes dos partidos e representantes da sociedade civil organizada na tentativa de reunir apoio para a representação.
"Vamos reunir partidos assinar representação dirigida ao mp selecionando os indícios relevantes que já foram apontados sobre irregularidades existentes no senado e buscar também apoio da sociedade, entidades representativas e personalidades da sociedade brasileira que se disponham a assinar essa representação. É uma crise ética, uma tragédia ética que se abateu sobre o Senado e que gerou uma crise política", afirmou.
A reportagem apurou que a mudança de posição do grupo suprapartidário foi motivada pela pressão de aliados do presidente do Senado que ameaçaram envolver mais parlamentares nas denúncias e dividir a responsabilidade pelas irregularidades principalmente com o DEM que ocupou nos últimos anos a primeira secretaria --uma espécie de tesouraria-- e também tem peso nas decisões administrativas.
Os senadores também querem forçar a reativação do Conselho de Ética que está sem funcionar desde março esperando a indicação de quatro integrantes do PMDB. Os nomes precisam ser apresentados pelo líder do partido, Renan Calheiros (AL) principal aliado de Sarney.
No Conselho de Ética, o grupo de oposição avalia que há espaço para tentar derrubar interferências a favor de Sarney. Sarney foi denunciado na semana passada pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ao Conselho de Ética por causa dos atos secretos. O PSOL entrou com uma representação por quebra de decoro parlamentar também pelas decisões administrativas que foram mantidas em sigilo. | |