Desde o aprofundamento da crise do Senado, há uma semana, o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), usou hoje pela primeira vez a tribuna do plenário para defender o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e a aliança do governo com o PMDB. Em discurso, Mercadante disse que a crise não se resolverá achando que há apenas um responsável e ressaltou que a bancada não propôs processo de renúncia de Sarney. "Nossa convicção é que a crise não se resolverá achando apenas um responsável. Muitas pessoas passaram por esta mesa", disse ele referindo-se ao fato de que as irregularidades identificadas no Senado terem ocorrido nos últimos quinze anos.
Ele disse que a bancada considerou que a melhor solução seria uma licença temporária de Sarney para assegurar um clima político que permitisse avançar nas mudanças no Senado. "Era uma proposta construtiva. Fizemos com cuidado", afirmou. O líder disse que a governabilidade só é possível com a parceria do PMDB. "Não há governabilidade sem aliança com o PMDB. Precisamos de aliança para reconstruir a sustentação política do governo".
Mercadante frisou que a bancada não abrirá mão do compromisso de fazer mudanças administrativas no Senado. Ele explicou que, ao lançar a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) à Presidência do Senado, a bancada do PT tinha como objetivo a mudança na Casa. "A bancada do PT já identificou que o continuísmo não seria uma boa opção. Advertimos que a continuidade de diretores, como o Agaciel (ex-diretor-geral, Agaciel Maia) e Zoghbi (o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi), com imensa responsabilidade orçamentária e administrativa, geravam distorções inaceitáveis", disse.
Segundo ele, Tião Viana está coordenando propostas para mudanças administrativas, tais como uma lei de autorregulação, redução de despesas e eficiência, e metas para a redução do número de funcionários. "Não é justo que a bancada seja cobrada por uma responsabilidade que não tem", ressaltou.