As medidas adotadas pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para tentar contornar a crise com a edições de atos secretos ainda não são consideradas suficientes pelo líderes do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e do PSOL, José Nery (PA). Os dois parlamentares devem começar a partir desta segunda-feira (29/6) uma nova ofensiva contra o peemedebista e apresentar representações por quebra de descoro parlamentar no Conselho de Ética. O tucano retorna hoje a Brasília e promete protocolar uma representação contra Sarney e fazer discurso duro contra ele e o ex-diretor-geral Agaciel Maia -apontado como o principal articulador das irregularidades no Senado.
Virgílio deve atacar para se defender das denúncias de que teria recebido um empréstimo do ex-diretor. O líder do PSDB não descarta nem mesmo representar contra si próprio no Conselho de Ética.
O PSOL ainda finaliza o texto do documento, mas pretende pedir abertura de investigação contra o presidente do Senado até quarta-feira. "Não vamos recuar. A imagem da Casa está arranhada e temos que fazer uma limpeza, apontar os responsáveis e recuperar a credibilidade da Casa para seguirmos em frente", disse Nery.
Neto de Sarney
A pressão pela saída de Sarney aumentou depois da descoberta que seu neto é dono de uma empresa que negocia contratos de empréstimos consignados com funcionários do Senado. Vários parentes de Sarney foram empregados em gabinetes de outros senadores por meio de nomeações em atos secretos.
Pelo regimento do Congresso, os partidos políticos têm autonomia para representar contra parlamentares por quebra de decoro parlamentar. Agora, o processo segue direto para o Conselho de Ética se atender a alguns requisitos, como fundamento do pedido de investigação, fato determinado e cinco testemunhas que validem o documento, entre outras exigências.
Se o projeto chegar ao Conselho de Ética, Sarney poderá ser afastado do comando da Casa. A estratégia de Virgílio e do PSOL de levar a crise para o Conselho de Ética pode não ter resultado antes do recesso parlamentar. O problema é que o colegiado está desativado, esperando indicações do PMDB e do próprio PSDB. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), aliado da tropa de choque de Sarney, terá que escolher quatro nomes e pode tentar dificultar ao máximo a formação do conselho.