Notas fiscais das produtoras responsáveis pela organização das festas promovidas por prefeituras do Leste Mineiro, investigadas pela Procuradoria da República, têm indícios de falsificação e podem ser frias. Um caso é a emissão de um dos blocos de notas da WM Produções, impresso com autorização do então prefeito de Caputira, na Zona da Mata, Jairo Cássio Teixeira (PHS), que deixou o cargo em dezembro do ano passado.
Desde segunda-feira, o Correio/Estado de Minas revela a existência de um esquema de fraudes envolvendo festas no interior do estado patrocinadas com recursos do Ministério do Turismo, por meio de emendas parlamentares ao orçamento da União, a maioria do deputado federal João Magalhães (PMDB-MG).
Muitas produtoras são suspeitas de existir apenas no papel e de ter sócios em comum. O Ministério Público Federal solicitou a prefeituras de Minas e da Bahia auditorias em notas fiscais emitidas por 26 produtoras de eventos para investigar suspeita de fraude de R$ 2,5 milhões. A pedido do MPF, a Receita Federal também fará devassa nas contas das empresas para apurar se houve sonegação de impostos.
O ex-prefeito Jairo Cássio Teixeira é dono da Tamma Produções, investigada pela Procuradoria da República, em Caputira. A empresa antecedeu a WM Produções e tinha como razão social o nome do filho de Jairo, Wanderson Oliveira Teixeira, que hoje trabalha na firma do pai. Para ocultar a atuação de Wanderson no mesmo ramo, as notas da WM foram emitidas com outra razão social.
Até junho do ano passado, a WM Produções permanecia com o nome oficial de Wanderson Oliveira Teixeira, mas emitia notas fiscais com a razão de Ramiro Andrade Grossi e Cia. Ltda., nome de um dos seus sócios, atualmente vereador em Raul Soares, também na Zona da Mata, e locutor das festas promovidas pela Tamma Produções.
Apesar de ter sido fundada em março de 2007, a WM Produções emitiu seu primeiro bloco de notas fiscais em abril de 2008. Até o fim do ano passado, a empresa tinha emitido somente sete notas fiscais, para as prefeituras de São João do Manteninha, São Félix de Minas e Itabirinha, que fizeram eventos com recursos do Ministério do Turismo em 2008. Ao todo, a WM Produções emitiu para esses municípios notas fiscais no valor total de R$ 388 mil. O jornal apurou que o autor da emenda para São João do Manteninha é o deputado federal Carlos William (PSC-MG), cujo nome foi citado na Operação João-de-Barro, apesar de não haver nenhuma denúncia formalizada contra ele.