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Parlamentares avaliam ser prematura acusação sobre envolvimento de senadores com atos

A divulgação de que 37 senadores teriam sido envolvidos direta ou indiretamente na edição dos atos secretos foi recebida com cautela pelos parlamentares. A avaliação é que a acusação é prematura uma vez que não houve uma análise dos atos comprovando se as decisões administrativas --utilizadas para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários de afilhados políticos e parentes de senadores-- que foram mantidas em sigilo foram ou não ilegais.

[SAIBAMAIS]

"É prematuro fazer uma insinuação desta natureza. É preciso abrir esses atos e ver a natureza de cada um. É provável que a maioria desses atos sejam fruto de uma decisão administrativa que não passa necessariamente pelas mãos dos senadores e, portanto, a responsabilidade seria de quem não publicou o material", disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). O discurso é reforçado pelo corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), que cobra uma perícia nos atos. Tuma foi apontado como um dos senadores que teriam assinado os atos secretos. "Há um crime administrativo que é a falta de publicidade dos atos. Agora, é preciso examinar esses atos, fazer uma perícia técnica para saber se houve alguma vantagem para esses senadores, tem que fazer o exame desse material e saber se quem não publicou foi instruído a cometer essa ilegalidade", disse. O corregedor disse que não tem conhecimento de ter assinado atos secretos durante o período que foi integrante da Mesa Diretora. "Assinei vários atos, mas nunca vi nem ouvir ninguém pedir para não publicar", afirmou. O ex-vice-presidente da Casa, senador Tião Viana (PT-AC), outro envolvido na lista de senadores, negou que tivesse conhecimento sobre a existência de atos secretos. "Não acredito que tenha ato secreto, nunca vi um ato secreto na minha vida, todo documento que assinei na Mesa foi fruto de uma decisão conjunta e foi levado a plenário para ser votado. Se depois foi encaminhado para publicação e foi transformado em ato secreto é coisa de bandido", disse. Segundo o petista, houve uma ação de quadrilha. "A ocultação de documentos é uma ação de quadrilha, alguém era beneficiado com isso, mas isso vai aparecer", afirmou. O relatório da comissão de sindicância ligada à primeira secretaria do Senado deve ser divulgado nesta terça-feira. O material será repassado aos integrantes da Mesa Diretora. A reunião está prevista para o final da tarde e deve decidir ainda o futuro do diretor-geral Alexandre Gazineo. Senadores pressionam para que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), demita Gazineo como resposta à crise que atinge a imagem da instituição. Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", desde 1995, pelo menos 37 senadores e 25 ex-senadores figuram como beneficiários ou signatários de atos secretos do Senado. A reportagem informa ainda que frequentam a relação políticos filiados a nove legendas: PT, DEM, PMDB, PSDB, PDT, PSB, PRB, PTB e PR.