Por mais de duas horas, o presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP), ouviu críticas dos colegas de plenário. As cobranças abarcaram desde pedidos de maior transparência nos atos administrativos, até um "rompimento" com o ex-diretor-geral da casa, Agaciel Maia. Após as falas, Sarney respondeu aos colegas em um discurso de menos de dez minutos. "Fui eleito presidente para presidir o Senado politicamente, não para ficar limpando a despensa, ou a lixeira da cozinha da Casa", sustentou Sarney. A expectativa é de que amanhã, após reunião com a Mesa Diretora, ele anuncie o afastamento do atual diretor-geral da Casa, Alexandre Gazineo.
Se o afastamento de Gazineo se confirmar, será a primeira medida enérgica adotada por Sarney desde o início da crise dos atos secretos no Senado. Nas sucessivas críticas, iniciadas pelo líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), os senadores cobraram do presidente mais firmeza. "Eu não senti o senhor firme na última sexta-feira. Vossa Excelência não precisa ser preservado. A democracia, sim", atacou o tucano.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fechou os discursos dando a Sarney uma sugestão indigesta. "Creio que o presidente José Sarney contribuiria mais para esta Casa se licenciando da presidência por 60 dias, e participando das discussões aqui embaixo. Acredito que neste momento o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), tenha mais condições de dar respostas na velocidade que cobra a opinião pública", atacou o pedetista.
Sarney já não estava mais presidindo a sessão quando Cristovam subiu à tribuna e sugeriu o seu afastamento. Amanhã, o presidente do Senado se reúne com os líderes partidários do Senado, e apresenta os resultados da comissão de sindicância que investigou o conteúdo dos atos secretos.