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Sarney diz que não eleito para limpar a lixeira da cozinha do Senado

Depois de ouvir por mais de duas horas discursos de senadores cobrando uma "limpeza" no Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira que não foi eleito para "limpar a lixeira da cozinha" da instituição. Ao listar uma série de medidas que adotou em resposta à crise que atinge o Senado, Sarney disse que foi escolhido para presidir politicamente a instituição. "Eu julguei que, quando fui eleito presidente, era para presidir politicamente a Casa e não para ficar submetido a procurar a dispensa ou limpar o lixo das cozinhas da Casa", afirmou Sarney. O peemedebista admitiu que nomeou o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia há 14 anos, depois de receber um abaixo assinado de "quase todos os senadores" favoráveis ao servidor. "Fui presidente somente por dois anos, depois fui sucedido por vários outros presidentes que o mantiveram. E agora estou na presidência há quatro meses, e nesses quatro meses eu levantei o problema da reforma administrativa da Casa", afirmou. Agaciel é responsável pela assinatura de parte dos atos secretos editados na instituição ao longo dos últimos 14 anos, ao lado do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo. Sarney disse que, nos quatro meses em que está no cargo, tomou medidas para mudar a estrutura política da instituição. "Ao assumir veio a denúncia contra Agaciel, imediatamente eu o exonerei. Depois veio contra João Carlos Zoghbi [ex-diretor de Recursos Humanos], também o exonerei. E exonerei abrindo inquérito policial", disse. O peemedebista afirmou que tem feito um trabalho duro para mudar a estrutura do Senado. Sarney disse que ficou surpreso ao ser informado da publicação de atos secretos na Casa, sem ter conhecimento do seu teor. "Ninguém mais do que eu teve surpresa quando soube que esses atos foram publicados.". O senador prometeu punir todos os envolvidos na edição dos atos secretos, sem "pôr a mão ou evitar que qualquer um seja punido como deve ser". Mas prometeu ser fiel ao seu temperamento "discreto", sem "jogar fogos de artifício" nas suas decisões. Mordomo Sarney rebateu as acusações de que a sua filha, ex-senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), teria usado recursos do Senado para pagar um mordomo em sua casa em Brasília. "O Senado nunca pagou nenhum mordomo. Todos os senadores são alvo de insultos, calúnias. A senadora Roseana nem tem mordomo. O Amauri é choffer do Senado há 20 anos. Trabalhou na garagem do Senado, é um funcionário de 25 anos da Casa. Nunca teve nenhuma coisa dessa natureza.".