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Conhecido pelos princípios rígidos, Joaquim Barbosa vai presidir TSE no pleito de 2010

Quase todos os dias, Joca pede no gabinete comida no Girassol. Não tem tido mais tempo de ir ao restaurante da 409 Sul almoçar no natureba, como costumava fazer. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa está com a carga de trabalho redobrada. Após tirar licença médica para tratar da crônica dor na coluna, voltou para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e terá, em maio do próximo ano, um desafio a mais: presidir a Corte Eleitoral nas eleições de 2010. A julgar pelas decisões que tomou, a primeira eleição sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá um duro julgador no mais polarizado embate desde a redemocratização de 1988. Por isso, a chegada do ministro ao cargo mais importante do TSE gera expectativa desde já. Para se antecipar ao comando de Barbosa, a Câmara se prepara para votar, até o fim do mês, uma minirreforma eleitoral. Os seis anos de Supremo que completa no dia 23 levaram a muitas opiniões, diametralmente opostas, sobre Joaquim Benedito Barbosa Gomes, de 54 anos. Com os amigos, o mineiro de Paracatu, negro arrimo de família em Brasília, é afável e conversador. Apesar de afastado das peladas há dois anos por causa da coluna, acompanha de perto o futebol - na última quarta-feira, o são-paulino ficou triste com a derrota para o Cruzeiro pela Libertadores da América. E desligou a TV antes do apito final. Seja no Rio ou em Brasília, vai a bares e não perde uma roda de samba. Advogados que atuam no Supremo e no TSE têm uma visão diferente. Consideram o magistrado ríspido e de poucas palavras quando o abordam nos corredores ou gabinetes para tratar de processos. Ele só permite audiências com advogados de uma causa se a parte contrária for informada e, se quiser, participar ao mesmo tempo. Também não gosta de memoriais e pareceres, prática comum na advocacia em Brasília. E tem horror a lobistas. Battisti Recentemente, Barbosa barrou duas investidas do embaixador italiano no Brasil, Michele Valensise, interessado na extradição do ex-militante terrorista Cesare Battisti. O ministro só permitiu um encontro com ele na presença do advogado de Battisti, Luís Roberto Barroso. "O ministro procura se manter distante das partes imaginando que com isso preserve a independência do juiz", critica o advogado José Eduardo Alckmin, ex-ministro do TSE. "É uma pessoa de princípios claros e transparentes. Com ele, não existe nenhum tipo de conversinha ao pé do ouvido", defende o subprocurador da República Eugênio Aragão, amigo de longa data. "As partes têm direito a igualdade no processo", completa. Leia matéria completa na edição deste domingo do Correio Braziliense