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Sarney anuncia sindicância para apurar denúncias sobre atos secretos

A crise no Senado não para. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), anunciou nesta sexta-feira (19/6) que criará uma Comissão de Sindicância para investigar os atos secretos. Ela será formada por funcionários do Senado, que contarão com o auxílio do Ministério Público Federal e do Tribunal de Contas da União, e irá apurar a origem de tais atos. A investigação, no entanto, dificilmente chegará a senadores. Sarney tem buscado amenizar o peso político das denúnicas que pesam sobre a Casa. A Comissão de Sindicância é uma resposta, segundo Sarney, %u201Cimediata%u201D, às denúncias feitas pelo chefe do serviço de publicação do boletim de pessoal do Senado, Franklin Albuquerque Paes Landim, à Folha de S. Paulo. De acordo com reportagem publicada pelo jornal hoje, as ordens para manter atos administrativos sob segredo no Senado vinham diretamente do ex-diretor-geral Agaciel Maia, que ainda hoje é funcionário da Casa, e do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. A folha de pagamento do Senado também será auditada pela Fundação Getúlio Vargas. Sarney tentou minimizar o peso político das denúncias. Disse que, no caso de existirem fatos que comprovem a omissão do primeiro secretário da casa à época das denúncias, senador Efraim Moraes (DEM-PB) e outros senadores, essas serão enviadas ao Supremo Tribunal Federal para apuração. "Não vou opinar sobre hipóteses", disse, referindo-se à´possivel participação de senadores no esquema dos atos secretos. Um procedimento no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar foi descartado por Sarney. %u201CEstamos seguindo os ritos estabelecidos em um estado democrático de direito%u201D, justificou Sarney, que após esta pergunta encerrou entrevista coletiva. Sarney disse que a Comissão irá investigar os servidores e punir os culpados pela existência de atos secretos, que promoviam nomeações no Senado, sem que essas fossem publicadas no Diário Oficial da Casa. O presidente disse ainda que não afastará o atual diretor-geral da Casa, Alexandre Gazineo, ligado ao grupo de Agaciel Maia no Senado. "Isso seria prematuro", justificou.