Surgiu mais um nome na lista de integrantes do clã Sarney com emprego no Senado. Trata-se de Shirley Duarte Pinto de Araújo, 33 anos, cunhada do presidente da Casa, o senador José Sarney (PMDB-AP). Shirley integrou a folha de pagamento do Senado durante seis anos. Estava lotada no gabinete da ex-senadora Roseana Sarney, hoje governadora do Maranhão. Saiu no último dia 8 de abril, nove dias antes de Roseana renunciar à vaga no Senado para assumir o governo. Shirley é mulher de Ernane Cesar Sarney Costa, 61 anos, irmão de José Sarney e secretário particular de Roseana há anos.
A cunhada de José Sarney recebia do Senado, mas não costumava aparecer para trabalhar em Brasília, segundo revelou o jornal "Correio Braziliense". Morava em São Luís. Segundo a assessoria de Roseana, ela prestava serviços à então senadora na capital maranhense. Shirley foi nomeada em fevereiro de 2003, como assistente parlamentar. Ganhava R$ 2,4 mil. Quatro anos depois, foi promovida a secretária parlamentar, um dos cargos de maior salário entre os funcionários do Senado. Passou a receber mensalmente R$ 7,6 mil.
Shirley é personagem de outra história rumorosa. Seu nome apareceu nos documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Navalha, que investigou os pagamentos que a construtora Gautama, do empresário baiano Zuleiro Veras, distribuía a políticos de diferentes partidos. Ela aparece como destinatária de depósitos bancários cujos comprovantes foram recolhidos pela polícia em endereços da Gautama. Ernane, o marido dela e irmão de José Sarney, também foi citado na operação.
O rol de parentes de Sarney contratados pelo Senado aumenta à medida em que avançam as pesquisas sobre os atos de nomeação, muitos deles secretos, assinados na época em que Agaciel Maia, compadre do senador, comandava a poderosa diretoria-geral do Senado. Foi Sarney quem nomeou Agaciel, há 14 anos. A lista de parentes do presidente do Senado incluiu ainda um neto, uma nora e duas sobrinhas, além de parente do marido de Roseana, Jorge Murad.