O relator da CPI das Organizações Não Governamentais (ONGs), senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), disse nesta terça-feira (9/6) que "não há a menor chance" de ele abrir mão da relatoria. Ao contrário, ele está se preparando para apresentar seu plano de trabalho aos membros da CPI na reunião marcada para hoje à tarde. "Se acharem que podem mais do que podem, que tomem a relatoria. Eu não entrego", avisou o senador tucano, que elaborou "um inventário bem completo", com 16 páginas, para apresentar à comissão.
Não será fácil apresentar o roteiro de trabalho. Antes disso, os governistas querem que o presidente da comissão, Heráclito Fortes, responda à questão de ordem, formulada na semana passada pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que contesta a escolha do líder tucano para relatar os trabalhos, sob o argumento de que o posto cabe a um aliado do governo, tal como foi acordado.
"Se o Heráclito não responder, não daremos quórum para a reunião", afirmou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG). Heráclito alega, no entanto, que até agora não recebeu documento algum e só poderá responder os governistas caso haja quorum na reunião. O governo continua alegando que só vai instalar a CPI da Petrobras amanhã se o impasse em torno do comando da CPI das ONGs for resolvido hoje.
O maior temor do governo é de que PSDB e DEM se aproveitem do comando oposicionista no inquérito das ONGs para investigar a Petrobras. "Vou buscar as irregularidades onde elas estiverem. Se for na Petrobras ou na Eletrobrás, não importa. Haverá investigação", afirma o líder Arthur Virgílio. De qualquer forma, o tucano antecipa que o roteiro que pretende apresentar logo mais aos colegas deixará claro que sua intenção é fazer "um trabalho sério" na relatoria. "Não vou me sujar por besteira, nem bater o pau contra o PT. Se tiver tucano suspeito de qualquer ilegalidade envolvendo ONGs, terá de responder por elas".