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Oposição chama de humilhação entrada de Lula na negociação de cargos da CPI

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O anúncio de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai costurar um acordo entre os líderes governistas para a composição dos cargos-chaves da CPI da Petrobras não foi bem recebido pela oposição. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do pedido de criação da CPI, criticou a postura do presidente e disse que a interferência seria uma "humilhação" ao Congresso. O tucano disse que a oposição continua trabalhando com a instalação da CPI na próxima quarta-feira. Líderes da oposição conversaram nesta segunda-feira com os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Jefferson Praia (PDT-AM), que são da base aliada. Eles teriam prometido comparecer a reunião da comissão para evitar que o quorum caia mais uma vez. O início dos trabalhos foi adiado por duas vezes por causa de manobras dos governistas que não chegaram a um entendimento sobre a escolha do presidente e do relator da CPI. "Isto é uma interferência indevida. Se o Congresso aceitar isso, estará se agachando. A CPI é prerrogativa do Senado, se aceitar isso é uma humilhação", afirmou. O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) disse hoje que o presidente Lula iria procurar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), para tentar encontrar uma saída para a composição da CPI. Segundo Dias, a oposição não trabalha com a alternativa de devolver a relatoria da CPI das ONGs para os governistas. A base aliada afirma que só instala a CPI da Petrobras se tiver nas mãos a relatoria das ONGs. "Isso não está sendo analisado", afirmou. Os governistas pressionam o presidente da CPI das ONGs, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a entregar para um governista a relatoria da CPI que investiga denúncias de irregularidades nos repasses do governo para ONGs. O cargo era do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que deixou a investigação das ONGs para entrar na CPI da Petrobras. A oposição aproveitou o descuido e entregou a relatoria para o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).